domingo, 19 de setembro de 2010

Novo endereço...

Com uma nova ideia, um novo blog, se você gosta de mim ou das coisinhas que eu escrevo aqui, me visite no novo endereço: www.flaviuska.com

um beijo e obrigada pela companhia...

domingo, 5 de setembro de 2010

Lições de Tchekhov



Ao som de Belle and Sebastian, vamos ao post da semana.
E eu sobrevivi à TPM, meu namorado quase não.
Tem me faltado temas para escrever aqui, ando sem assunto porque estou num desânimo com relação ao mundo e às pessoas...
Andei mergulhada no Tchekhov, para variar, então, quase não posso deixar de falar sobre ele. Então, para falar sobre o que este autor russo do século XIX significa para mim, eu resumiria da seguinte maneira: Se fossem incendiar uma biblioteca inteira e me deixassem escolher um único livro, só um, eu salvaria "A Dama e o Cachorrinho" traduzido pelo professor Boris Schnaiderman.
O motivo é simples... em Tchekhov, em uma meia dúzia de contos, é possível encontrar todas as coisas do mundo, todas - todos os sentimentos, todo o amor pela humanidade, todo o desencanto com o mundo, toda a finura que é necessária para viver.
Tchekhov era uma figura engraçada, assim como nosso querido Machado de Assis. Ele sempre adorou Tolstói, achava que viver segundo a maneira que o autor responsável pela criação do tolstoísmo pregava era excelente. Daí, um belo dia, Tchekhov começou a ficar mais velho e mais doente, sendo assim, começou a pensar melhor sobre essa história de voto de pobreza, que é parte importantíssima do tolstoísmo. Ele pensou melhor e considerou em uma de suas cartas a amigos, são muitas as cartas que ele enviava a amigos: "Eu gosto de conforto".
E, para ter conforto, é necessário um pouco de dinheiro, e záz, claro que este não foi o único motivo, mas Tchekhov rompeu com o tolstoísmo. Cunhou a frase famosa: "A música e o vinho sempre foram para mim um magnífico saca-rolhas". Falando a respeito da sua criação literária e dramática. Lembrei agora de outra frase de outro russo famoso, o querido Maiakóvski: "Melhor morrer de vodka do que de tédio".
O homem que Tchekhov se tornou com o passar do tempo, sofrendo inúmeras privações desde a infância, além de observar e pensar sobre a desgraça humana, tão seriamente, como ele fazia, o impedia de ser hipócrita.
Então, é isso, livros contêm todas as coisas do mundo, e, na obra de Tchekhov, estão todas as coisas do mundo...
Uma excelente semana a todos, brindem com uma taça de Cabernet Sauvignon, agradeçam à vida por tudo de bom que têm, e deixem de hipocrisia, a gente é o que é, eu sempre penso na frase da Clarice Lispector quando vou fazer alguma coisa que sei que as pessoas julgarão muita estranha, ou melhor, fora dos padrões e indigna de nota: "E se me achar esquisita, respeite também, até eu fui obrigada a me respeitar".
Desejo a todos que tenham perseverança sempre, minha palavra preferida, se tivesse foto no dicionário, você me veria ao lado dessa palavra sorrindo...

*E claro que este lindão aí em cima é o maravilhoso dramaturgo, escritor e médico Anton Pavlovitch Tchekov (1860-1904).

sábado, 28 de agosto de 2010

E lá vamos nós, vou postar pela primeira do meu notbook, vejamos...
Semana feliz, apesar de ter sofrido com uma enxaqueca, que eu pensei que fosse me matar, foi uma boa semana. O projetinho do mestrado está quase concluído, amanhã, pela manhã, hora da inspiração, domingo de manhã, termino o que falta.
Ainda bem que agosto termina, não suporto mês de agosto, nem quem nasceu no mês de agosto presta, nunca conheci boa bisca que tenha nascido no mês do cachorro louco.
Estou um pouquinho cansada da maldade alheia, tem gente que acha muito divertido mandar alguém para o hospital com crise de depressão, eu não acho. Cada um tem o livre arbítrio de ser feliz da maneira como escolher, então melhor irem ser.
Minha vida está ótima... Estou superfeliz, amar é sempre motivo para sorrir pela manhã e quando se chega em casa, cansada, cansada e tem um sorriso de esperando para tomar uma "Espírito de Minas" esperta...
Desejo para a próxima semana: Que ela seja bem curta, afinal, é a semana que antecede o feriado...
Nessa semana aconteceu uma coisa ótima, fiz um novo amigo, o Caio, agora ele é meu vizinho de mesa no trabalho, o Caiozinho, fofura de pessoa, pena que fico ao lado dele só até 1 de outubro...
Ai, ai, preciso me preparar para a próxima semana, TPM à vista...
Ótima semana para todos vocês.
Quem quiser participar de um programão cultural:

I Encontro Internacional - Linguagens do Oriente
de 30 de agosto a 1 de setembro na Casa de Cultura Japonesa, USP
quem quiser mais informações, entra aqui www.fflch.usp.br/dlo

domingo, 22 de agosto de 2010

Pfff... Aparência

Se olhe no espelho!
Diga lá, você gosta do que vê?
Está contente com o ser humano que aparece lá?
Acha que dá para ir até a rua e ser paquerado?
Bom, muito bom, é isso aí, para se manter um mínimo de dignidade é preciso estar no mínimo ok! com a higiene e, quando se é jovem, a higiene basta para fazer-nos bonito...

Agora, outro teste. Chamemos de número 2!
Quantos livros você leu neste ano?
Aqueles que pediram para você ler em algum lugar não contam, pense aí em um que você entrou na Livraria Cultura (ou similar) escolheu e leu desesperadamente como se o mundo fosse acabar.
Agora, pense em quantos discos você ouviu?
Pense aí aquele disco legal que vazou sem essa nem aquela na internet e fez você gargalhar muito da incompetência da gravadora e da sua felicidade por existir internet.
Pense também em quantas pessoas vocês fez sorrir desde o início do ano, não rir das suas piadas, tipo eu, que saio distribuindo palhaçadas por aí.
Pense naquele dia que seu amigo não tinha nenhum dinheirinho para pagar o almoço legal em grupo, em que todo mundo ia, menos ele que não tinha dinheiro, daí você deu aquele cutucãozinho no amigo e falou: Vamos lá, outro dia você me paga...
Pensou?

Número 3!
Agora pense nas roupas que você comprou.
Pense em quanto mal você fez, quantas pessoas choraram por sua causa diretamente.
Pense em quantas vezes você fez alguém te odiar.
Tente contabilizar as pessoas que te odeiam.
As roupas te fazer parecer mais bonito? Talvez mais magro, mais alto...
Ninguém, desde o início do ano, soltou a expressão: Você é foda!
Não porque você estava vestido parecendo um paquito, mas porque você fez alguma coisa tão boa, mas tão boa, e para muita gente, que um monte de gente falou isso.
Ah tem uma nova categoria na minha lista, se você conseguiu alcançar algo na vida porque transou com alguém, pense também...

Este teste não tem resultado, é só para fazer você pensar.
Porque as lindas roupas que eu comprei no primeiro semestre não fizeram ninguém me amar mais, mas ler "Irmãos Karámazov" me fez um ser humano melhor, tenho certeza, eu sinto...
Ouvir Etta James também é bom demais, veja lá se aprende a ter coração com ela.
Sair fantasiada de paquita é muito bom, mas, uma hora ou outra, as pessoas conversam com as paquitas, então é bom que você tenha algo a dizer...
Agora, se ninguém disse para você que você é foda, nem mesmo a mãe ou um irmão, pode se matar, porque você não é importante para ninguém, porque não faz nada de relevante pelo mundo e pelas pessoas que neles estão.
Se você tiver sempre como parâmetro de vida fazer alguém feliz, ao menos uma pessoinha por semana, você será muito mais feliz também...
Agora, você que anda por aí toda montada porque é só o que tem para oferecer e daí fica me olhando torto... só um recado.
Eu tenho um montão de neurônios e é minha preocupação primeira fazer eles se multiplicarem e viverem por um longo período, e, quando eu tiver 80 anos, as pessoas vão admirá-los muito, agora, quanto à aparência, não importa o quanto de creme e roupas eu bote em cima de mim, nada vai mudar o fato de que eu serei uma senhora de 80 anos... E, outra coisa, eu tenho muito mais o que fazer do que ficar esticando cabelo a tarde toda para ir num evento à noite...
Porque minha tese é que gente preocupada demais com a aparência tem algo bem feio a esconder, por exemplo, uma cabeça cheinha de vento :P

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Seis graus

Seis graus

Ela era míope e também tinha astigmatismo...
Seus olhos viam as cores todas com um brilho maior,
As formas eram estranhas,
O foco sempre se perdia.

Apertava os olhos na ânsia de ver,
Às vezes dava certo,
Às vezes ficava tonta e não via.

Um dia inventaram uma coisa nova,
O nome era: lentes tóricas,
A um só tempo resolviam astigmatismo e miopia.

De repente, as cores pareciam mais definidas,
As formas mais belas, harmônicas.

Resolveu ir ver o mar com as tais lentes,
O que viu era magia...

Verde
Espuma
Azul
Coral
On-on-on-ondas

Um dia inteiro de sedução

Correu
Leu
Comeu

Tudo à beira do mar.

Porque só então
tinha compreendido
O mundo era muito colorido...

domingo, 8 de agosto de 2010

mudanças

Após tanto tempo que não passo por aqui, fiquei pensando se deveria escrever sobre o fantástico A Origem, que assisti ontem, ou se deveria falar de outra coisa.
Resolvi falar de outra coisa, porque A Origem rende assunto que não acaba mais, e precisa estar muito bem para falar desse filme, porque haja articulação para se fazer clara...
Tomei uma decisão nesta semana que passou. Fiquei de férias e, semana passada, ao retornar ao trabalho, tive uma surpresa, tudo estava diferente, de repente, eu não era mais importante no lugar, me deram uma nova chefe, um novo espaço e eu perdi meu chão... Me chatiei, chorei, mas daí lembrei que eu já não queria aquele trabalho, não queria mais ser o ghost writer de ninguém, e já fazia um tempo.
É cansativo demais viver à sombra, são quase cinco anos de trabalho bem feito em que outro leva vantagem, se vangloria, se envaidece com o meu trabalho, esperava pela minha chance de não estar por trás, achava, de verdade, que dessa vez olhariam para mim como alguém que importa, mas não olharam... Resolvi sair.
Ir em busca de um lugar em que eu possa me sobressair, no qual exista uma chance para eu mesma levar os méritos por aquilo que eu faço.
Ainda não sei que lugar é este, como será, quero pensar. Refletir sobre o que será melhor para mim. Apesar de tudo, sou muito grata ao anos que passei no meu trabalho, grata porque lá foi minha primeira chance, ainda que hoje seja difícil de encarar assim, de certa maneira, aprendi muito e isso é muito importante.
Mas o que este emprego, que agora já não me serve mais, me trouxe de melhor foi a possibilidade de aprender um ofício, e bem aprendido, a oportunidade de mostrar trabalho, saio agora porque só isso já não basta, preciso de reconhecimento, de satisfação pessoal, de qualidade de vida, do meu sorriso, da minha alegria de viver...
Sinto demais pelos que ficam, gostaria de poder carregá-los comigo: Mariana, Cristiane, Tania... presentinhos de todos os dias.
Viver é complicado, mudar, tomar decisões...
É preciso seguir, está decidido e não tem volta, saio em busca do meu futuro, da minha vida.
Agradeço ao meu amor, esperança diária de que tudo pode dar certo porque eu tenho a ele e ele tem a mim. Obrigada Cris, por me dizer todo o santo dia quem sou eu, é bom ter alguém para lembrar, às vezes, na bagunça do dia a dia, esquecemos, a luz fica tão apagadinha que a gente quase se esquece do que é capaz.
Como eu sempre digo, eu não vim neste mundo a passeio, acredite!

domingo, 25 de julho de 2010

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sem você, sou pá furada...



Essa história pode parecer meio palerma, mas, como dizia o sábio Tchekhov, é preciso ter coragem de escrever palermices se você quiser um dia escrever uma coisa boa...
Vejamos então, minha irmã, a Cristiane, apareceu mais forte na minha vida quando a minha vovó ficou doente. Eu estava meio adormecida nessa época, tinha cuidado de uma tia doente, cuidava de uma avó doente, tinha um namorado sufocante e uma chefe idem...
Eis que minha irmã me aparece em casa cheia de vontade de viver e historinhas para contar, era um tal de bandas legais, de Los Hermanos, de filmes legais, e eu comecei a achar engraçado o fato de que eu, Flávia, tinha sido inspiração para boa parte do que minha irmã é, mas eu mesma não era mais aquela lá que inspirou tudo isso, eu estava hibernando.
Foi então que eu acordei, comecei a achar que devia pegar minha vida de volta, e peguei... Eu já contei essa história umas cem vezes aqui no blog, e é fato que ninguém força ninguém a nada, então a gente é feito de bobo porque, muitas vezes, tem predisposição para isso. Este post é só para agradecer a minha irmã, que tem sardas que nem eu, que é pálida que nem eu, por ter aparecido na minha vida e ter dito: “Muito prazer, eu era você ontem, lembra?”
Pois é, eu lembrei, voltei a ir às festas, a ver os filmes preferidos, a ouvir as músicas. E mais, minha irmã, pois é, mais nova que eu uns seis anos, me apresentou um monte de coisas novas, bandas, filmes, livros, não... porque essa é a minha especialidade hahaha
Estes dias estava discutindo sobre o que é ser ignorante, ser ignorante é quando você se fecha para as coisas, está lacrado, não quer mais aprender e se acha suficiente. Eu não sou, e adoro muito não ser, adoro conseguir ir ao cinema ver Eclipse com um monte de adolescentes porque eu estou disposta a isso. Aliás, fico muito feliz que os adolescentes gostem de alguém como o Edward Collen ou Justin Bieber.
Enfim, eu aprendi um monte com a minha irmã, ela talvez nem saiba disso, porque ela pensa que eu sou tipo um oráculo, com toda a sabedoria, mas eu não sou, eu sou só alguém que reaprendeu a viver, e tudo isso porque eu tive uma irmã para me salvar de mim mesma.

Obrigada!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Adeus Saramago...

Ficou faltando dar meu adeus ao mestre Saramago...

Na última sexta-feira (18 de junho), todos nós nos tornamos um pouco órfãos. Tão difícil aceitar que nem gênios duram para sempre. No trabalho, comentei com os amigos aquele dia tão bonito em que Saramago assistiu ao filme de Fernando Meirelles ao seu lado e não se contendo de emoção ao ver o filme, o ídolo irretocável caiu no choro... Meirelles num misto de desespero, emoção, euforia levantou e beijou a cabeça de Saramago. Com humildade o mestre reconheceu que o diretor também fizera uma outra obra de arte baseando-se na sua.

Se Memorial do Conventou levou Saramago ao sucesso mundial, o melhor livro que li do escritor tão querido foi "Levantado do chão", ao cabo do livro fica a pergunta que tantas vezes nos fazemos a respeito dos gênios: Será ele um humano mesmo, feito da mesma matéria que eu?

Porque Saramago não estava absolutamente entre nós, ele era mais e melhor, por gente como ele é que nós não desistimos das queridas Letras, tão abandonada em tempos de textos mínimos e praticidades absurdas.

Ainda há pouco, eu terminei de ler O primeiro homem, livro que trata da primeira infância do célebre escritor Albert Camus, ao final, eu pensei: este livro é também uma tentativa de explicar como Camus teria chegado até ali, com seu romances recheados de tudo de si, praia, sol, mortes, superação, o absurdo. Ele dedicou tudo aquilo que era ao seu professor de quarta-série que mudou a vida dele mostrando que havia um caminho muito além da pobreza da miserável Argélia... Camus descobriu que a literatura poderia levá-lo a outros lugares, não apenas metaforicamente, mas principalmente, ele fez da literatura sua razão de viver.

É isso que livros fazem pelas pessoas, não por todos, infelizmente, porque nem todos têm a felicidade de encontrar o alguém que identifica em nós uma sentelha de algo e logo passa a agir para que aquilo aflore, venha à tona plenamente.

Eu li Levantado do chão já na faculdade e indico, se você amou o Saramago dos últimos tempos, vai adorar muito mais este, que fala da massa que somos nós: os fracos e ofendidos.

"Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão."

(Carlos Drummond de Andrade)

sábado, 29 de maio de 2010

Sobre como eu trato a economia...

Nos meus trabalhos de revisão, vira e mexe, aparece alguma coisa sobre economia, fala-se da necessidade de guardarmos dinheiro para quando envelhecermos, tem um livro tosco, tosco, que fala sobre a necessidade de nós, mulheres, não sermos boazinhas se quisermos enriquecer, e o novo hit do momento, casais inteligentes enriquecem juntos!
Queria dizer umas palavrinhas a respeito...

Sobre o dinheiro para quando ficarmos velhinhos:
O tonto que aconselha que eu guarde sei lá quantos por cento do meu salário para quando eu ficar velha, não sabe que eu gostaria muitíssimo de viver agora mesmo, portanto, vai ficar difícil eu guardar todo o meu rico dinheirinho para quando eu ficar velhinha e estiver me arrastando por aí. Eu não gosto de praia agora e não vou gostar depois, portanto, quando eu for velha, é bem provável que eu faça as mesmas coisas que eu faço agora, com exceção da balada, acho que não vai rolar...
Bom, faz parte, é a vida, não dá pra encher a cara e dançar a noite toda para sempre, talvez dê para encher a cara, espero eu...
Além do mais, eu já pago a previdência, oras, e ainda tenho uma poupancinha, que é para caso algo estranho venha acontecer com a minha pessoa, mas eu não faço nenhum sacríficio, não, não...

Sobre a mulher boazinha:
Essa me ofende profundamente, porque eu sou essencialmente uma pessoa boazinha, é do meu caráter, eu não consigo, e nem quero, evitar... Se você assistiu ao último filme do Woody Allen lançado em terras tupiniquins, vai se lembrar que a maior parte das coisas que acontecem em nossas vidas, acontecem à revelia, então, continuarei a ser como sou, vem dando tudo certo por enquanto. Só passaram pessoas ótimas pela minha vida, só teve um desgraçado gaúcho, mas ele sofre daquela Síndrome de Asperge; a minha luta diária para ser "alguém", como dizem alguns tontos, vem dando certo, e tudo parece estar maravilhosamente ótimo... Até um novo e talvez eterno amor apareceu na minha vida...
Então, é tudo besteira essa história de que as boazinhas não enriquecem e nem chegam a lugar nenhum... Oras, bolas... que besteira sem fim...
Tudo sempre pode dar certo!

Sobre os casais:
hahahaha essa é piada né?
Como pode alguém achar que um casal deve pensar profundamente sobre enriquecer junto, não deve e nem precisa.
Amar é se enroscar embaixo do edredon, é dormir de conchinha, é ficar junto e rir junto, é achar a vida boa só porque um outro alguém transforma tudo todo dia com sua simples existência.
O amor não é aquela coisa brega e romântica da propaganda, é preciso ser realista, cada um é da maneira que é, mas é totalmente sensacional, quando, por algum motivo os deuses confabulam e te colocam no caminho alguém que parece ser a tal metade da laranja, alguém quase igual...
Para quê pensar em enriquecer... eu quero mais é ser feliz...
Desde o princípio, apesar de não ser nenhuma besta, a minha escolha sempre foi pela felicidade, o correto, o escolhido, sempre foi aquilo que me faz feliz and finish...

Para terminar... a vida é muito mais que juntar uns trocados, dinheiro é feito para comprar um bom livro, um ótimo vinho, um dvd, fazer uma viagem, comprar sapato, enfim, dinheiro é só aquela coisinha mágica que é capaz de comprar coisas que contribuem para sua felicidade e, se eu quero ser feliz hoje, não faz sentido nenhum eu guardar meu dinheiro para usar amanhã...

sábado, 1 de maio de 2010

Mary and Max

No sábado passado, eu pensei: Vou assistir a um filme bobinho, para variar, pensar demais cansa às vezes...
Então, ao ver o cartaz de Mary e Max – Uma amizade diferente, lembrei que já tinha visto o trailer e fiquei pensando que o Philip Seymour Hoffman, que faz a voz do Max, não ia aceitar fazer qualquer porcaria, sendo assim, devia ser um filme levinho com um toque de inteligência no mínimo. Descobri depois que Tony Collette (do maravilhoso Pequena Miss Sunshine) fazia a voz da Mary.
Foi uma surpresa, nada de filminho light, o diretor Adam Elliot construiu um panorama completo da vida de duas pessoas muito diferente. Mary é uma menina triste cheia de esperanças quando começa a se corresponder com Max, um quarentão sem qualquer esperança na vida.
Max é um personagem complexo, acumula um certo conhecimento de mundo, próprio de sua idade, mas é o que poderíamos chamar de “incompetente social”, mais tarde descobriremos que ele sofre da Síndrome de Asperger, que é algo bem difícil de explicar, então se você não sabe do que se trata, vá ao Wikipedia.
A linguagem doce de Mary, logo descobrimos, é fruto apenas de sua infância, afinal, não há doçura nenhuma na vida de Mary, assim como na de Max. São personagens que se unem por uma única coisa em comum, são seres essencialmente solitários. Mary parece estar sozinha por não gostar muito da imagem que vê no espelho e Max pelo problema já citado.
Não consigo não pensar nas definições de romance propostas por Lukács, no indivíduo que vive dentro do capitalismo, na solidão que isso causou, Mary e Max são exemplares genuínos desse mundo capitalista, e, ao mesmo tempo, nós que vamos ao cinema assistir a um filminho “levinho”, como eu disse de início, nos divertimos também à moda da sociedade capitalista. Diante da solidão, saímos de nossas casas e procuramos o conforto de um cinema quentinho, que mostre uma história bonitinha que nos traga alguma forma de conforto. Sim, porque ainda que sentemos ao lado de tantas outras pessoas, estamos todos dentro de nossa bolha particular, estamos todos, me parece, irremediavelmente sós.
Se o romance é a invenção do homem para ter uma diversão a sós, ou seja, provando que é possível ser feliz sozinho em casa, com um facho de luz a iluminar o livro, o cinema é uma evolução disso, é uma história que se conta em, no máximo, três horas e dentro dela, assim como no romance, somos chamados a viver uma felicidade que não é nossa, mas que, por algum tempo, parece ser. Os filmes hollywoodianos podem, em sua maioria, ser enquadrados nesta descrição, mas,Mary e Max, não, se você busca o conforto de um romance banal ao ir ver este filme irá, literalmente, quebrar a cara, sairá da sala um tanto triste, carregando um sentimento de melancolia e a sensação de que alguma coisa dentro de você foi bagunçada, e é isso mesmo... Todos os dramas do indivíduo moderno são remontados bem ali na tela, em um curtíssimo espaço de tempo, 80 minutos, uma hora e dez minutos.
A classificação fala que o filme pode ser visto por crianças a partir de 12 anos, pelo que eu disse até agora, você acha que é possível para uma criança desta idade ver um filme assim?
Não é mesmo.
Cheio de sacadas inteligentes, o filme “levinho e reconfortante de sábado à noite” se transformou no melhor filme que eu assisti neste ano, e não foram poucos.
Mesmo com o sentimento doído de melancolia, podemos dizer que o filme é muito bonitinho, não um bonitinho bobo, a beleza está na sinceridade com que é contado, pelo singelo das imagens, pela linda trilha que ajuda a formar toda a atmosfera de cotidiano retratada no filme. Um cotidiano que se repete e se repete e se repete, a quebra se dá por algumas desgraças inevitáveis, mas a beleza está na amizade construída pelos personagens à distância, esta é uma quebra definitiva no cotidiano de Mary e Max, uma carta colocada na caixa do correio muda a cadência e o significado de duas pessoas tão diferentes. A existência de uma modifica a da outra. Max faz sua primeira amiga na vida, uma menininha que queria saber de onde vinham os bebês em Nova Iorque. E Mary faz seu primeiro amigo, um adulto em quem pode confiar, que, apesar da diferença de idade, gosta das mesmas coisas que ela.
Nós, sujeitos modernos, parecemos buscar eternamente uma fuga, que acontece, quase sempre, pela arte, buscamos na arte a nossa redenção, a nossa salvação, como queria Goethe, mas, ao assistir o filme, pensei em algo bem mais simples, em uma mensagem bem pura e desprovida de grandes pretensões, assim como a animação feita com bonequinhos de argila na era de Avatar, James Cameron e a superimagem 3D; às vezes, algo bom está apenas do outro lado da rua, está no aproximar-se de outras pessoas e sair um pouco da bolha, é enxergar o outro, afinal, a maioria de nós não tem fobia de pessoas, nem Síndrome de Asperger como os personagens do filme, mas vivemos como se todos sofrêssemos de uma dessas doenças. Uma amizade, um amor ou um ente querido tem o poder de modificar o mundo à nossa volta, como modificou a vida de Mary e Max.
Uma ótima mensagem do diretor Adam Elliot, perfeita para os dias de hoje, filme excelente!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Alice no país de Burton

(Isso foi dia 21 de abril, mas só tive tempo agora)

Passando só para contar que ontem fui assistir "Alice no país das maravilhas", naquela tela maravilhosa do IMAX, que loucura aquilo!
Durante o trailer do Toy Story 3, eu pensei que todos aqueles brinquedos gigantes estavam espalhados no meio da plateia, ai que medo daquele Ken gigante...
Sobre o filme, nenhum pensamento muito elaborado, apenas o que deve ser o óbvio para todo mundo, o Chapeleiro Maluco é sem dúvida a 'coisa' mais legal do filme, mas dessa vez Depp encontrou uma boa concorrência. Helena Bonham Carter caprichou em sua interpretação de rainha vermelha, ela estava um barato com aquele cabeção, os gêmeos também ficaram tão perfeitinhos. Quem não deu muita sorte foi Anne
Hathaway, que pareceu assim meio sem direção, indo para lugar nenhum. A doçura não foi o suficiente para segurar o papel meigo dentro do universo obscuro de Tim Burton.
Uma outra coisa a destacar, é que o filme é uma livre, bem livre mesmo, adaptação do clássico de Lewis Carroll, portanto, não fique buscando aquilo que é igual...
Aliás um conselho e tanto para assistir obras adaptadas é: Não fique buscando o livro no filme, obras de arte têm vida própria, elas só precisam de um leitmotiv, que é o que o livro deve ser no geral.
As imagens são lindas mesmo, a trilha deixa muuuuuito a desejar: Avril Lavigne e Tokio Hotel? Oi! Hein?
Achei que quem for ver em um cinema normal, sem o maravilhoso efeito 3D vai ver exatamente o mesmo filme, deve ter rolado uma certa pressão por parte dos produtores para que Burton rodasse em 3D, porque tive a nítida impressão de que deu na mesma... Pena.
Mas é isso, bora ver a Cabeçuda, o Chapeleiro e a sem graça da Alice porque viajar com Tim Burton vale sempre a pena.

bom filme!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Castração

Algo está realmente me deixando indignada.
Trabalho em uma empresa, a qual já utilizou meu e-mail pessoal como sendo o seu e-mail oficial da área de comunicação e, hoje, por ironia, ou seja lá que diabo for, eu não posso mais abrir este e-mail da máquina que a digníssima empresa me concede o prazer inenarrável de usar durante as oito horas que passo enfurnada dentro dela. Fato é que há alguns poucos meses a Internet foi quase que completamente bloqueada no meu local de trabalho, nada de blogs do uol, nem do blogspot, fotolog nem em sonho, twitter é coisa que a maioria aqui nem imagina o que seja, porém as pessoas que o bloquearam sabem bem o que é, apesar de parecerem ignorar para quê serve.
O twitter, uma das maiores revoluções em toda a história da Internet, não pode ser acessado no meu trabalho, isso porque eu trabalho em um local onde espera-se das pessoas que elas hajam como gado, sendo assim, todas foram contratadas para bater prego, nada além disso, bate-se prego das 9h às 18h, com um pequeno intervalo de uma hora para a ração diária, que não é servida pela empresa, que não dá nem mesmo ticket refeição para os pobres coitados que nela trabalham. É claro que a essa altura do campeonato você está se perguntando o que eu estou fazendo aqui neste muquifo, onde ainda há AI5. Pois é, tudo isso ainda é muito novo para mim, eu ainda estou naqueles momentos de transição em que a gente se vê estarrecido com uma situação e não sabe bem o que fazer, que atitude tomar, qual rumo dar à própria vida.
Eu estudei demais para aceitar uma regressão à censura.

Agora mesmo, acabei de digitar no google “censura”, eu queria uma definição exata, apareceu a Seguinte mensagem:


Caro usuário,
Você não tem permissão para acessar este site.
Caso tenha alguma dúvida entre em contato com o CTI através do OCOMON.
Grato,


E me dá vontade de chorar ler isso e pensar que eu dediquei tanto da minha vida a essa empresa, para agora não poder acessar um blog de um advogado famoso.A liberdade leva à informação e informação é tudo que gente que poda não quer que tenhamos, em uma era em que liberdade parece ser a palavra de ordem do sistema dominante, ninguém é livre. Eu detesto uma série de coisas próprias do funcionamento de uma empresa, mas a mais ridícula é a castração, principalmente por contar que poucos ou nenhum reclamarão, não reclamarão porque não sabem que a Ditadura se faz assim de fininho, como quem não quer nada, vem e te impede de gritar, de dizer, de agir e quando se vê, estamos como cães, moldados, condicionados, aluados...

“Censura é o uso pelo estado ou grupo de poder, no sentido de controlar e impedir a liberdade de expressão.”

Pense aí com seus botões no significado da definição acima, lembre-se, atente para aquilo que em sua vida quebra o contrato com o que a essência deste pensamento quer dizer e não aceite que regridam a isso. Deu tanto trabalho para nossos antepassados conseguirem um mínimo de liberdade, um Estado laico e livre, e agora me vem essa gente com essa presepada.
Houve na Rússia um camarada genial de verdade, que sonhava com liberdade, amor e paz, este camarada foi enganado por pessoas que abusaram de sua bondade, quando ele viu que havia o tempo todo lutado do lado do inimigo, ele pegou uma arma virou contra a própria cabeça e atirou, isso porque é melhor a morte do que a prisão. Você dirá que não estamos presos.
Então, ouse se retirar da empresa por uma hora sem avisar alguém, quando você voltar, terá uma trombeta do apocalipse formada à sua caça.

Abaixo um poema do camarada que era todo coração:

Despertar é preciso

Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.Na segunda noite, já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.

Vladimir Maiakóvski

sexta-feira, 26 de março de 2010

Só Botero mesmo...


Bailarina na barra: hahahahaha
Adoro essa tela!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Adeus Mindlin...

Eu não vim de uma família de leitores, talvez por isso o primeiro livro tenha sido um presente cheio de mistério. Havia uma torcida de duas pessoas para que eu gostasse “daquilo”, eu era muito pequena ainda. O nome do livro era “O Caracol”, eu devia ter em torno de três, quatro anos, já tinha contato com livros na escolinha... O Caracol dava conta da história de um caracol solitário que tinha que carregar toda a sua vida nas costas, infelizmente, eu perdi o livro, ou minha avó deu ele para alguém. Mas uma coisa ficou, eu tenho mania de carregar minha vida dentro de uma enorme bolsa, e todas as vezes que eu pego minha bolsa, eu penso: estou parecendo uma mulher caracol, que carrega a vida nas costas, que nem o caracolzinho do livro. O fato é que eu gostei demais de livros, vieram outros, minha tia fazia até crediário para comprar livro na Saraiva, ela achava lindo eu gostar de ler, cada livro era uma descoberta, um universo de possibilidades. Como o dinheiro não dava para comprar todos os livros, fizemos uma carteirinha na Biblioteca da Penha, então eu podia pegar dois livros por semana lá. Bons tempos...O tempo passou e vieram outros autores pelos quais eu viria a me apaixonar.A primeira grande paixão literária foi O pequeno príncipe, que eu releio todos os anos para não me esquecer de como é bom ser simples e ingênuo.Vieram outras paixões avassaladoras, Machado de Assis comecei a ler sem parar assim que entrei na universidade. Memórias Póstumas... Dom Casmurro e, o meu preferido, Quincas Borba, depois vieram os contos machadianos. Depois de Machado, buscando todas as influências possíveis e imagináveis do ídolo, me apaixonei, assim como ele, por Stendhal. Depois vieram Dostoiévski, Guimarães Rosa, Clarice Lispector e uma longa lista de gente de tudo quanto é lugar, Jane Austen, Albert Camus etc. Então foi a vez da poesia, apresentada de uma forma única pela Viviana Bosi, minha doce professora de Introdução aos Estudos Literários... Pois é, a paixão foi tanta e tão impossível de segurar que eu fui fazer Letras lá na USP, onde eu encontrei um monte de gente muito parecida comigo, inclusive ídolos de ouro que me olham no olho. Alfredo Bosi, Antonio Candido, Alcides Villaça, Boris Schnaiderman, Aurora Bernardini...Os meus preferidos são certamente Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Machado de Assis, Dostoievski, Anton Tchekhov e Carlos Drummonde de Andrade, mas são muitos outros os que me agradam, os que me surpreendem.Foi assim, numa dessas andanças atrás da fortuna crítica e de obras raras de Guimarães Rosa que esbarrei numa figurinha mágica, José Mindlin, filho de ucranianos (as figuras russas e ucranianas estão sempre a rondar minha vida). Uma pessoa incrível que fez de sua biblioteca o grande amor da sua vida, uma vida dedicada a buscar obras raras. A surpresa ao descobrir Mindlin só não foi maior que a que eu tive ao descobrir o segredo de Diadorim. Esse encanto de pessoa, apaixonado pela vida, abnegado e consciente (deixa-nos de presente, na USP, boa parte de seu imenso acervo) nos deixou no dia 28 de fevereiro. Ele gostava de dizer que não queria viver em um mundo onde não houvesse livros, pego de empréstimo a frase e a faço minha por um instante, pois, de “O Caracol” até aqui, toda a minha vida foi transformada pelos livros, pelas vidas e ensinamentos contidos em cada obra que li.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Um outro...


E de repente o mundo inteiro vira dois...Tem um outro que te olha no olho e te chama de linda ao acordar com aqueles cabelos bagunçados, suados, embaraçados; com olhos borrados de rímel da noite anterior, com a pele do rosto num branco profundo, no qual não há nenhum sinal do blush da noite passada. As máscaras da noite, das fantasias próprias da boemia, derretem assim que o sol nasce, mas aquele outro que dorme ao lado acha lindo poder ver a mulher que acorda pós-festa sem sua máscara. A palavra “linda” surge entre sussurros e suspiros a cada hora, menos até...
Passam algumas horas e o encanto continua e vai num crescente para algum lugar, a graça é não ter importância a direção, antes tinha, agora faço questão que não tenha... Estamos no mundo para voar. Lançar-se de cabeça, não é do feitio, mas é possível fazer algo totalmente inesperado, ir na direção em que corre o rio...
Não há ordem nenhuma em amar, é um caos completo, as pernas batem nos móveis, as cabeças funcionam em descompasso, os dentes fazem uma estranha fricção no dente do outro, as coisas ainda estão se adequando...
O telefone toca, os sms são mandados a toda hora do dia e você anseia por recebê-los. São horas de olhares, de cumplicidade, são cúmplices de algo que nasce e passam a observar a coisa crescendo, se moldando, se ajeitando. E tudo é tão diferente, é como se nada disso tivesse acontecido antes.Tudo aquilo tão estranho para todos é lindo, é admirado, é esperado...
As piadas inteligentes e sem graça para muitos encontram finalmente um receptor, que não só as entende, como sabe dialogar a respeito delas.
O Machado, Dostoievski e Tchekhov embaixo da cama tornam-se objeto de admiração e tudo o mais que são sustos para todos os outros são agora gratas surpresas para o outro que me espreita.
Um lugar improvável, uma noite comum, entre luzes e sons, com amigos desvanecentes e irmãs uterinas surgiu alguém que não é nada disso, é uma outra coisa que eu ainda não sei o nome porque eu nunca experimentei nada assim e me veio agora uma citação da eterna intérprete de tudo aquilo que vai por dentro de mim (Clarice Lispector): “Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”.
Sobre a imagem: "O Beijo", escultura em mármore de Auguste Rodin.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Meninos e Meninas

E é sempre a mesma ladainha...
Menina conhece menino. Menino pega o telefone da menina. Combinam de sair, duas, três vezes no máximo. Ele é sempre bobo, vivendo no mundo como se tudo isso aqui fosse uma festa que nunca vai ter fim...
Tem a outra possibilidade, às vezes, os meninos não ligam mesmo e nem pedem o tal telefone. Quando a resposta para o que ele faz da vida é: Sou formado em educação física... daí a coisa desanda mesmo.
- Boa noite, foi muito bom te conhecer, nos encontramos por aí!
Diversas coisas estranhas acontecem, meninos que dizem que vão a lugares nos quais nunca comparecerão, meninos que ficam desesperados por você por uma semana até obterem aquilo que desejam... O nome me veio à boca agora, mas mantenhamos o nível, afinal eu estava lendo Clarice Lispector agora mesmo, mestre em dizer as coisas da maneira mais doce possível. A mulher mais pequenina do mundo, por exemplo, ao ver o caçador, se coça em um lugar no qual não deveria coçar... Entende a sutileza?
Eu, obviamente, não sou Clarice, mas é um bom plano tê-la como meta de escrita.
Mas nesse vai e vem, neste burburinho de meninos e meninas, sem essa nem aquela, aparecem bons meninos, raros meninos, meninos doces, constrangidos, que balançam nossa mão de maneira inocente, que desviam o olhar quando encarados, que pegam telefone, msn, twitter, facebook e, quando chegam em casa, tratam logo de adicionar, ou seguir, a menina em tudo isso.
Pois é, meninos assim existem!
Porque nessa interminável dança das cadeiras é sempre tudo a mesma coisa, isso cansa um pouco, a gente fica escolada, esperta demais para os meninos e é aí que reside o problema de não se ter mais 20 anos, por isso tantos rapazes preferem as menos experientes, as fáceis de enrolar, as que não viveram ainda, sempre com aquele ar de fragilidade que homens, seres tão frágeis, gostam tanto.
Como apaixonar-se por alguém sem este ar, alguém que absolutamente não precisa mais ser protegido?
Acredite, há meninos que adoram meninas espertas, inteligentes, independentes e com apenas um tantinho de fragilidade, afinal, todos nós guardamos alguma fragilidade, algo que dói, que machuca, ou que simplesmente tememos.
Destes tantos meninos, alguns se tornam amigos, bons amigos e, de repente, nos tornamos amigas até de suas frágeis namoradas. Nasce uma amizade onde menos se espera, afinal a bobagem que o tornava incapaz de se transformar na coisa amada é totalmente compreensível dentro dos laços de amizade. Porque amizade é assim: compreensão, gostar sem fronteiras, abraço apertado de saudade verdadeira.
Ainda que às vezes seja cansativo brincar deste jogo, não se pode evitar a brincadeira, ela nos traz de volta à vida, ela dá sentido, completa algo que falta, o tum tum do coração. O coração a ponto de ser cuspido, de tanto que não cabe no peito. Os sobressaltos a cada barulhinho do celular... Ainda que na maioria das vezes tudo isso acabe em flor murcha, é divertido ficar esperando para ver onde a brincadeira vai dar, é gostoso criar falsas expectativas.
A única coisa da qual sinto falta é a ingenuidade, de realmente acreditar e esperar, aguardar silenciosamente porque acredito. Eu não acredito e por isso não espero, eu faço a coisa toda acontecer ou simplesmente faço logo que não aconteça de uma vez, o que deve assustar demais os bobos... Então, às vezes, tenho que me fazer de rogada e fazer a inocente... Pelo menos para não dar um susto.
Porque eu carrego comigo uma sequência grandiosa de sustos, é o Machado de Assis embaixo da cama, é o falar russo, é o qualificar as pessoas em aptas a ler Dostoiévski ou não, são as músicas melancólicas ou a clássica, são as baladas constantes.
Mas o grande problema mesmo comigo, o que certamente mais apavora homens e mulheres é que eu sou livre, o meu grande problema é eu ser livre... Outra vez Clarice.
Pensa aí consigo na palavra liberdade, no que isso quer dizer para uma mulher de 20 e muitos anos...
Um exemplo simples: Você me conta um caso sobre uma patricinha, que tem seu maravilhoso tênis super caro roubado, ao final da história, você conclui que tudo é um absurdo e que não existe mais segurança em lugar algum e olha para mim com olhar inquiridor, querendo a minha concordância.
Mas, de repente, eu vou olhar para você e dizer que entendo completamente o ladrão e você achará que eu estou completamente maluca, e eu direi que não há necessidade de andar com um tênis que custe mais que um salário mínimo porque tem gente que vive com um único salário mínimo... Este tênis é uma afronta.
Daí você deve estar se perguntando onde fica a liberdade da menina de poder usar seu tênis em paz, eu respondo: É preciso lutar pela liberdade, é preciso ter argumentos, fundamentos para fazer a sua liberdade valer, é preciso compreender o mundo em que se vive.
Mas tudo isso para mostrar de que liberdade eu falo, a liberdade de descordar da massa, a liberdade de relativizar muita coisa... Afinal, o Machado de Assis embaixo da cama não é à toa.
Pois é, eu sou desse tipo de menina, uma confusão...
Ainda que não me agrade muito um certo tipo de meninos e meninas, eu sei que cada coisa vem a seu tempo, para uns não vem nunca, por incompetência mesmo, mas as transformações, os entendimentos vêm em tempos diversos para cada um de nós, e o bobo e a frágil de hoje virão a se transformar em seres humanos formidáveis em um outro tempo. E, com formidável, não quero absolutamente dizer que se transformarão em seres próximos de mim, porque eu sou uma bagunça, eu gosto do velho, do antigo, das sensações primeiras, como diz Rodrigo Amarante: Eu gosto é do gasto!
Cada um há de achar aquilo que o fará feliz e não há nada mais formidável do que a felicidade!

Ao som de Clair de Lune de Claude Debussy

sábado, 9 de janeiro de 2010

Escolhas

Difícil fazer escolhas...
Será que é a melhor, ou a pior? Eu me arrependerei?
É bem provável que tenhamos arrependimentos e melhorias ao tomar uma decisão.
Uma escolha nunca é plena de acerto nem de erro, abrimos mão de algumas coisas por querer outras e, às vezes, aquelas coisas que deixamos partir nos faz falta por algum motivo. Enfim, faz parte!
Viver é escolher, escolhemos sempre, o tempo todo. Outro dia assisti um episódio de Doutor House em que uma garota teve uma doença que por um instante a impossibilitou de escolher, não conseguia, não podia escolher porque qualquer coisa estava errada com o cérebro dela. Imagine a vida sem poder fazer escolhas.
Eu não posso imaginar, a gente gosta tanto de escolher e sempre ficamos tão chateados quando algum espertinho se mete a fazer nossas escolhas.
Eu escolhi ser feliz.
Escolhi não depender de ninguém até o tanto que é possível.
Escolhi que meu horário predileto para coisas do espírito é a manhã.
Escolhi não comer carne porque acho nojento.
Escolhi estudar na USP.
Escolhi fazer Letras, o que diz muito de mim, porque coloquei a felicidade em primeiro lugar. Só que seres mágicos que rondam a minha vida conspiraram para que a minha felicidade resultasse em ganhos também.
Escolhi que ler é a melhor coisa do mundo...
E só foi possível escolher tudo isso entre tantas outras coisas porque eu fiz uma grande escolha, a de me escolher como ser humano, decidi que minha vida está em primeiro lugar.
Às vezes, eu penso nas coisas que deixei para trás ao fazer minhas escolhas, mas não me arrependo. Nem sempre faço as escolhas certas, mas quero viver de um modo que, ao final da minha vida, em algum lugar esteja escrito:

"ELA VIVEU DA MANEIRA QUE QUIS"