terça-feira, 21 de julho de 2009

Debret e a escravidão...




Tive que fazer um post de emergência.


Hoje eu vi uma loucura digna de intervenção, quando eu acho que neste país já acontece tudo de mais maluco que pode acontecer a uma pátria, sou surpreendida, sempre!


Ao folhear uma revista de arquitetura, eis que encontro entre os possíveis itens de decoração umas almofadas com estampa das telas de Debret, e, se você quiser, também pode fazer o sofá inteiro e colocar no meio da sua sala o seu próprio Debret.


Se não fosse trágico, realmente seria cômico... Não consigo pensar em outra expressão, essa muito batida diz exatamente o que eu quero dizer.


Como assim alguém quer ter seus próprios "debrezinhos" em casa, para sentar em cima ou recostar a cabeça?


Qual é o nosso problema hein?


Nós amenizamos tudo, criamos eufemismos para tudo e de repente, záz, as coisas mais terríveis ganham um ar de naturalidade.


Aquilo é a escravidão... A coisa mais terrível que já aconteceu no nosso país.


Não é para dormir em cima da representação daquilo, é como ter a foto de mortos dentro de um caixão enfeitando a sala.


Faça-se a seguinte pergunta: Por que os alemães não colocam estampas de judeus vítimas do holocausto com os seus uniformes listrados de azul em suas almofadas e sofás? Assim no meio da sala, como item de decoração.


Uma das respostas possíveis e a mais óbvia de todas: Porque eles se envergonham horrivelmente da monstruosidade que fizeram aos judeus, isso não é motivo de orgulho nacional, é uma página que eles gostariam de arrancar para sempre do livro que conta a história daquela nação.


Então, façam a gentileza de pensar antes de adquirir um móvel "legítimo" colonial, ou um "debrezinho". Esses são motivos de vergonha. Ou será que alguém aí tem saudade do Brasil Colônia e da Escravidão?


Mais um exercício: Olhe a obra do Debret artista, analise ela, mesmo que seja com um olhar de leigo.


Verá que há um descompasso qualquer nas coisas. Pesquise a história de Debret, o mínimo que seja, dando um Google nele por exemplo, descobrirá coisas incríveis sobre a história maravilhosa desse artista.


Então, você entenderá que tudo na obra de um artista tem razão de ser. Ele não pintava os escravos sofrendo porque achava bonito...


Pode acreditar, este não era o motivo.


domingo, 19 de julho de 2009

Hoje é domingo!

Quando acordo de manhã no domingo, bem cedo para aproveitar melhor o dia, sempre penso em como é bom ser sozinha.
Eu planejo sempre mil coisas que farei durante o dia. Por exemplo, assistir a três filmes que EU quero ver. Ler um livro quase inteiro, ou inteiro, em um único dia simplesmente porque estou com vontade. Ir ao concerto à tarde porque EU adoro música clássica. Ir ao concerto, ao cinema e ao teatro, tudo em um mesmo dia, porque EU gosto de overdose de cultura.
Aliás, eu gosto das coisas assim, todas aos montes. Intensidade.
Acordar às 7 da manhã e sair para correr, voltar e ouvir as músicas mais variadas possível. Ouvir Radiohed, Los Hermanos, Beirut, Beethoven, Mozart, Bach, Bossa Nova. Tudo misturado, porque é assim que EU quero.
Comer trinta fatias de sashimi acompanhas de suco de uva. Comer comida vegetariana, porque eu me sinto bem com isso.
Daí, aos domingos, eu costumo desligar os telefones.
Eu detesto telefonemas, sobretudo aos domingos. Tenho o meu dia inteiro planejado e meu plano, no geral, envolve estar centrada única e exclusivamente em mim, já que no resto da semana eu preciso me concentrar quase que unicamente naquilo que os outros querem.
No domingo, eu me isolo, fujo das conversas banais, quando quero gente, busco aquelas que realmente importam, que se importam comigo e com o todo.
Tudo isso se chama liberdade?
Como disse Clarice Lispector: Liberdade? O que eu quero ainda não tem nome.
Hoje é o único dia da semana em que me preocupo apenas comigo.
O dia em que tenho a sensação de que minha cabeça está leve como uma pluma. Ainda que eu saia por aí, é como se as coisas externas não conseguissem chegar em mim, não conseguem me atingir ou mudar meu estado de humor.
Gosto de não me exaltar nos domingos e deixar tudo aquilo de bonito, que fica reprimido na maior parte do tempo, fluir... Jorrar como água limpa. A água esperada.
Tive muitos domingos de surpresas terríveis, minha avó faleceu em um domingo triste do último setembro...
Domingo sempre foi o meu dia da semana, desde pequena sempre adorei domingos. É um dia tão mágico para mim que resolvi elegê-lo como o dia em que acordo para coisas do espírito. No domingo, eu simplesmente não estou.
Domingo é o dia das coisas mágicas, de inspiração, de autoconhecimento, quando é possível, da catarse, e sempre é o dia das epifanias. Preciso desse dia para que todo o resto da semana faça algum sentido.
Bom domingo para vocês.
Se precisarem falar comigo, procurem-me amanhã porque hoje eu não estou para ninguém!

O som de hoje? Radiohead – sempre!

domingo, 12 de julho de 2009

Lições...

Estranha essa semana...
Que dia é hoje?
Domingo...
Foram quatro dias livres, sem chefe, sem cartão de ponto.
Noites em claro...
Descobri coisas boas nestes dias e outras nem tanto.
Ouvi Death Cab for Cutie até cansar, quase tive uma overdose cinematográfica. Revi coisas que amo e assisti uns filminhos só para esvaziar. Li pouco é verdade... Saí muito, bebi muito, ri muito e, como de costume, observei muito.
Onde raios foi parar aquela adolescente desmiolada?
Ela ficou em algum lugar do passado junto com uma série de lembranças, aquela menina que saia para dançar e não olhava nada não existe mais. A Flávia de hoje observa tudo, se finge de boba para suportar algumas coisas, mas não está mais de fato entre os festeiros, é apenas uma “flâneur”, aquele da acepção de Benjamin, anda por aí, entra em diversos lugares, mas sai de todos eles como entrou, não há mais contaminação do ambiente. Eu olhos as roupas, os sapatos, percebo os olhares, me divirto com a boa música. Danço até meus pés suportarem, mas eu não levo para mim nada desses lugares frios.
Fico feliz por ser assim hoje, mas, infelizmente perdi a ingenuidade da adolescência que se encanta com as descobertas.
O observador está sempre a aprender alguma coisa, a buscar uma lição... Parece chato?
Talvez seja para quem está de fora, mas não é para mim.
Adoro observar o mundo, as pessoas, os comportamentos, é pena que eu me decepcione muito mais do que gostaria. Gente especial está em extinção.
Fiz um novo amigo neste burburinho... O Cello, um querido, uma pessoa doce, que ama o mundo das coisas rápidas e anônimas, o meu oposto. Mas, ainda assim alguém que vale a pena.
Não esperar talvez seja a única forma de não se decepcionar... Mas, como fazer isso?
Cada pessoa, cada acontecimento parece tão prenhe de porvir...
Ainda que o porvir não dê em nada, vale a pena continuar a procurar, é como toda coisa rara, a gente vai andando por aí e encontra n pessoas que detesta e, enfim, encontra uma que faz a procura ter valido. Nem falo de amor, falo de amizade, de sorrisos e camaradagens.
Hoje, como diria uma ex-amiga, tendo a acreditar que o Amor seja apenas o nome de uma famosa paçoca.
Terei que buscar algum sentimento recolhido com relação ao amor, vou fuçar no meu passado antes das decepções, tenho certeza que encontrarei uma linda lembrança para conseguir desejar ao meu querido amigo Maurício que sua nova vida, ao lado da mulher que escolheu, seja repleta de sonhos para que eles nunca possam se esgotar...
Uma ótima semana a todos nós, da próxima vez que escrever é provável que o Mauricio já esteja casada e eu estarei muito feliz ao observar sua felicidade.
O que posso fazer é o que faço de melhor, desejar tudo de bom, de mais bonito, muito bem, muita paz, prosperidade ao novo casal, tomara que possam me provar que tanto o amor quanto o casamento não são instituições falidas.

Felicidades!

Ao som de Brothers on a hotel bed, Death Cab for Cutie