sexta-feira, 29 de maio de 2009

Elephant Gun - Beirut

Dois acontecimentos muito importantes nesta semana...
O perfeito show do Marcelo Camelo na segunda e a minha recém-descoberta paixão por Beirut.
Essa é a música mais famosinha da banda, até porque compôs a trilha sonora da maravilhosa série Capitu, exibida pela Rede Globo.
Série perfeita, com trilha perfeita e uma pequena demonstração do que televisão deveria ser. Apenas para mostrar para gente como eu, que eles até sabem fazer uma coisa boa de fato, mas não há interesse porque gente como eu compõe 1% da população.
Enfim, ouça o álbum Gulag Orkestar que vem com o E.P. Lon Gisland de bônus. Vale muito a pena. Misto de instrumentos modernos e antigos, de nostalgia e modernidade...
Se você é como eu, tem um pezinho em um passado bem distante e outro que parece estar além do presente, vai adorar as letras sensíveis e as bem trabalhadas melodias.

Enjoy!

Elephant Gun
Beirut
Composição: Ryan Condon; Zach Condon

If I was young, I'd flee this town
I'd bury my dreams underground
As did I, we drink to die, we drink tonight

Far from home, elephant gun
Let's take them down one by one
We'll lay it down, it's not been found, it's not around

Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down

Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down

And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the night

And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the silence, all that is left is all
That I hide

sábado, 16 de maio de 2009

pés na água...


Pés na água...

brancos, grossos, descuidados

enfim, a água morna, o desgaste

um mês?

pareceu um ano

pés na água...

claros, serenos, harmoniosos.

emoliência

a luz

Bach, Debussy, Beethoven

o sol penetra

eles se mostram

vão à rua

passeiam descobertos.

Vão...

sábado, 2 de maio de 2009

Uma luz se apaga...


Não consigo pensar em nada à altura deste gênio que a humanidade perdeu hoje.

Augusto Boal nos deixou hoje, foi para outro lugar ou para lugar nenhum.

A única coisa que me vem agora é a famosa citação de Dostoiévski a respeito da arte:

Só há uma coisa que vence a vida e a morte, apenas uma coisa que é eterna, a arte.

Não me lembro se as palavras foram essas, mas foi exatamente isso que quis dizer um dos maiores escritores de todos os tempos.

Boal já é eterno há algum tempo.

Eleito embaixador mundial do teatro, indicado ao Prêmio Nobel da Paz pela sua maravilhosa criação "O teatro do oprimido", Boal acreditava que é possível criar um mundo melhor.

O dramaturgo investiu na sua crença de que todas as pessoas são capazes de atuar, trabalhou, lutou pelo seu sonho e o tornou realidade.


Hoje, excepcionalmente, escrevi duas vezes neste blog, mas é que a perda é grande demais para passar em branco.


Em um tempo em que ídolos de papel são exaltados, o mundo das artes, sobretudo do teatro, chora hoje a perda de um ídolo esculpido em granito... eterno!

Man Ray - Minotaur


Não tem sido um tempo de felicidade.

Dia após dia uma luta constante para sair da cama.

Felizmente, eu tenho um propósito, e é este que me norteia sempre.

O lugar de alegrias sempre é o mundo das artes, das adoráveis descobertas...

Um mundo de opções infinitas. Onde não há certo, nem errado. Um mundo onde não vão me magoar porque lá eu sou intocável. Lá, eu estou protegida pela liberdade.

No universo do saber, ninguém vai partir meu coração... Neste lugar, eu sou útil, tanto quanto é possível ser.

Desculpas a Adorno.

Quando falo da utilidade, estou falando da melhor utilidade que se pode dar à arte. Repassá-la aos outros. Dividir com quem não teve oportunidade de saber e, sobretudo, descobrir todo dia um mundo novo de possibilidades junto com aqueles que, assim como eu, estão dispostos, abertos a dividir aquilo que sabem.

Então a professora disse:

- Daqui dez minutos alguém de pensamento livre e sensibilidade dirá o nome desta fotografia e a qual escola ela pertence...

A resposta em pouco menos de cinco minutos:

- Essa fotografia só pode se chamar "O Minotauro", porque é um homem sem cabeça e um touro sem corpo. A metáfora mais perfeita que eu já vi do mito do Minotauro. É uma fotografia surreal.


Então, eu tive que explicar que estava vendo um touro onde ninguém mais estava...

O mais mágico é que eu vejo o touro e vejo também o tronco do homem, ambos coexistem na mesma fotografia, não há como eliminar um para ver o outro. Ao contrário da maioria das obras de arte do Surrealismo, para ver uma você não tem que deixar de ver a outra.


Assim, aconteceu minha pequena alegria...