domingo, 28 de junho de 2009

O imortal Michael Jackson


O que dizer sobre o Rei do Pop depois que tanto já foi dito?

Escrevo este post um tanto atrasada, mas também não posso ignorar o ocorrido.

Ligo a TV e começo a zapear enquanto procuro algum dvd. Então, em um canal uma tarja dizia:

- Morre aos 50 anos de parada cardíaca o cantor Michael Jackson.

Mas, só pode ser brincadeira. Michael era imortal não era?

Eu sempre achei que fosse. Ninguém capaz das coisas que ele era, poderia estar na mera categoria de humano, podia?

Mas era tão frágil quanto qualquer um de nós, ele morreu.

Vi, em um dos 200 documentários exibidos, que a única coisa que ele desejava era que sua música se tornasse imortal.

Lembro-me de quando eu tinha menos de 15 anos e era (sou) louca por dança. Comecei a frequentar a lendária Toco Dance Club, na Zona Leste de São Paulo, a mesma que revelou o dj Marky para o mundo. Eu só podia ir à matinê, mas era o suficiente. Então, quando eu entrava na casa, tinha um mar de gente, todos fazendo a mesma coreografia, "passinhos" ensaiados, todos juntos repetindo os mesmos movimentos.

Qualquer um que tenha acompanhado um pouco de TV nas duas últimas décadas sabe que isso só é possível por causa do Rei do Pop, que imortalizou seu jeito de dançar. Isso, só para falar da dança, Michael era músico, produtor, compositor, dançarino espetacular...

Michael é realmente eterno, digamos que nunca mais alguém pisará em uma pista de dança sem lembrar sua dança. Não é necessário saber quem ele foi. Dançar, hoje, significa trazer sempre um pouco de MJ para a pista.

Quanto ao que ele fez pela música negra, digo o mesmo da dança para a música. Se a música negra é da maneira como é hoje, e gente como Ne-yo, Justin Timberlake, Usher, Beyonce fazem sucesso, devem agradecer ao Rei do Pop.

Sinto que ele tenha precisado morrer para ser recolocado no trono de Reio do Pop. A mídia o matou há uns anos, agora o ressuscita, devolvendo o posto a quem o conseguiu por mérito.

O jornalista Pedro Beck, colocou no seu twitter logo que soube da notícia:

- Hoje (25 de junho), é o 11 de setembro do entretenimento.
Concordo...

sábado, 20 de junho de 2009

Mas há primaveras...

"A comunidade universitária e a opinião pública têm procurado, atônitas, acompanhar os acontecimentos recentes na Universidade de São Paulo. Como acreditar que professores, alunos e funcionários da USP, em especial da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, sejam criminosos cujos atos merecem ser severamente reprimidos com bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e gás pimenta? Como acreditar que querem destruir seu patrimônio, agir com violência e causar danos aos demais? quem acredita nisso? por quê?Se se compararem as informações e declarações dos últimos dias, será possível repor a situação. Em plena negociação salarial, em 25 de maio, a Reitoria fechou as portas do prédio e não deixou parte da comissão de negociação entrar. Ao agir assim e quebrar a regra da cultura democrática instituída, não era improvável que soubesse da reação dos estudantes que, impedidos de entrar, poderiam forçar a porta e fazer uma “invasão” relâmpago. Mas, depois dos acontecimentos de 2007, havia uma resolução do Conselho Universitário autorizando a Reitoria a chamar a polícia quando julgasse necessário, a qual foi aplicada.Docentes e estudantes sabem ensinar e estudar, principalmente. Talvez até, de um modo um tanto canhestro e desafinado, também saibam protestar. Alguns estudantes gritam e chegam a tirar cadeiras e pô-las diante das salas de aula, impedindo a entrada nelas – sinais de sua impotência, de sua insegurança e da desinformação acerca de outros canais de manifestação mais legítimos e eficazes, de que os professores (ainda) dispõem. Mas essa alegada “violência” estudantil não tem parâmetro com as armas usadas pela PM, treinadas para eliminar malfeitores, e descontentes... Inacreditavelmente, a atual reitora da Universidade de São Paulo pensa que sim!
Isto é ofender a USP e todos os seus membros. Pretextando grupelhos, radicais e sabe-se lá mais o quê, a Reitoria entregou a direção da universidade a um comandante policial. Ao ser alertada por um docente de que a presença da polícia no campus poderia causar graves danos físicos e morais a membros da comunidade, e de que as armas utilizadas pelas tropas contemplavam escopetas e metralhadoras, a reitora limitou-se a dizer que a escolha das armas adequadas à ação policial não era da sua alçada. A reitora transferiu sua responsabilidade pela vida dos estudantes, professores e funcionários, das crianças e adolescentes que estudam na Escola de Aplicação, e de todos aqueles que livremente transitam pelo campus Butantã da USP, a um coronel da PM.Os professores da USP não estavam em greve. A campanha salarial e a carreira docente importam aos professores porque sabemos o efeito nefasto que salários aviltados causam ao ensino, como temos visto na precarização do ensino secundário. Os mais velhos se lembram de como o ensino médio público era padrão de qualidade para a escola privada, o que hoje nos parece um sonho desaparecido. A recuperação salarial nos importa para que a Universidade pública não passe a ter salários tão baixos que os melhores profissionais prefiram se afastar dela e servir apenas à iniciativa privada, com seu principal interesse no lucro, e levando ao desaparecimento das investigações independentes que interessam ao coletivo. Lutar por salários, todos sabem, é lutar por deixar uma universidade com melhor qualidade e para que a USP tenha o que comemorar daqui a 25 anos.
Os estudantes da USP não estavam em greve. O temor relativo à Univesp, ou Universidade Virtual do Estado de São Paulo, provém da convicção de que a expansão virtual da Universidade se fará à custa da qualidade do ensino e em detrimento das políticas de permanência estudantil por que vêm lutando, da construção de salas de aula presenciais, bibliotecas, laboratórios, moradias e restaurantes universitários, temor compartilhado por alguns professores que relataram desconfianças na implantação do Programa.Todos estes são assuntos importantes para homens e mulheres que, trabalhando dentro da Universidade, abdicaram de ser meros consumidores e reprodutores de um saber para, com diversas dificuldades, se tornarem sujeitos de conhecimento, de ação e de transformação da sociedade. Requeriam, pois, que decisões dessa monta fossem tomadas com o conhecimento da ampla maioria da comunidade acadêmica, e não por decretos e resoluções. Todavia, recusando-se a negociar, a esclarecer, a Reitoria da USP teve como única resposta para a dificuldade do momento inventar uma ocupação para chamar a polícia. No dia 9 de junho os professores em assembléia, pensando em conjunto como retomar as negociações, ouviram tiros e gritos que dificilmente esqueceremos. Do prédio da Reitoria, de uma de suas janelas, umas dez cabeças assistiam ao lúgubre espetáculo de alunos e professores fugindo das bombas e sendo acuados no prédio da História. Apesar disso, e embora vários colegas tenham tentado contatos com a reitora, a fim de evitar um desfecho de proporções inimagináveis, ninguém, em momento algum, atendeu aos chamados dos docentes. Contatado, finalmente, o governador se calou: as armas já tinham falado por ele. Passado o furacão, reitoria e aliados vêm a público se manifestar e justificar atos injustificáveis.
O tecido universitário está desfeito. Todos os que defendem uma universidade pública, com direito a discussões, propostas, ações solidárias e coletivas, deixamos de reconhecer a reitora como interlocutora de nossa prática acadêmica. É verdade que, dentro e fora da Universidade, há os que aprovam a ação da polícia, alegando destruição do patrimônio público; desqualificam a decisão das assembléias em favor da greve, apelando para o direito dos que querem aula, embora não compareçam a elas; contestam os piquetes de funcionários e alunos, argumentando serem contra uma “violência generalizada”. Essas mesmas vozes recorrem a proposições vagas e metafísicas, que, descoladas de seu contexto político, ridicularizam o direito “à diferença”, “à opinião” etc.; mas se calam diante de questões materiais decisivas para a Universidade estadual, como a destruição do patrimônio público perpetrada, esta sim, pela polícia e por fundações privadas instaladas no interior da USP. Negando o direito à greve e a piquetes, propõem em seu lugar que cada um faça o que bem entender, desde que confortavelmente instalados em seus gabinetes particulares, ao abrigo do espaço coletivo e presencial de discussão. Parecem supor que a condenação das assembléias de professores e estudantes é feita ainda em favor do direito do aluno, como pagador de impostos, de ter sua mercadoria-aula. Ao sobreporem a figura do consumidor à do cidadão, transferem a cultura da universidade privada para dentro da Universidade pública, transformando os grevistas em anti-cidadãos-vendedores que não cumprem sua parte no troca-troca do mercado – como se estes não pagassem também seus impostos e não tivessem direito a forma alguma de dissidência. Certamente que, assim, esse discurso cala-se diante da destruição da Universidade pública levada a cabo por governos neoliberais e encobre sua adesão à mesma ordem de coisas, sob a capa de uma pretensa motivação pacifista. Neste sentido, a Universidade deve se envergonhar de que uma parte do seu corpo docente e discente não condene a ação policial contra atos de caráter político: pois isso significa que essa parte não se importa com o coletivo e com o tipo de conhecimento e ética que estão sendo transmitidos nessa Universidade. A sociedade deve saber disso e querer que, na Universidade de São Paulo, os professores, os médicos, os arquitetos, os atores, os engenheiros, os biólogos, os psicólogos e todos os que aí se formam, com a contribuição de todos nós, visem mais ao bem coletivo que ao seu único e próprio lucro. E fazer parte da coletividade implica ter de olhar para além do seu escritório particular, do seu consultório e da sua sala de aula.Agora a Universidade de São Paulo está em greve, exigindo a retirada imediata e definitiva da polícia no campus, para que retornem as condições de diálogo entre todos os envolvidos. Mas desde que a Universidade foi violentada com a permissão, ou pior, a mando de seus dirigentes, os professores requerem que a atual reitora se afaste do cargo e torne a ser algo de que possa se orgulhar: professora. Oxalá, assim, o próximo reitor compreenda que uma universidade não se faz virtualmente, nem com tropas militares, mas com docentes, estudantes e funcionários preocupados com o ensino e com a pesquisa, e sobretudo, com fazer parte de uma menos triste humanidade."

Carta da professora de Literatura Portuguesa da FFLCH - USP Adma Fadul

domingo, 7 de junho de 2009

Solidão

Pessoas bem legais disseram ler isso aqui...
Então, mesmo não estando em um dos meus melhores dias, arrisco a escrever. Embalada por Marcelo Camelo, meu parceiro de quase sempre, vamos ver o que sai.
O tema de hoje... combinando com meu estado de espírito, só poderia ser solidão.
Alguém já disse certa vez que solidão é estar sozinho mesmo estando entre um milhão de pessoas.
Isso quer dizer que sentimos, quase que invariavelmente, falta de uma única pessoa?
Às vezes não...
Eu não sinto falta de uma única pessoa, sinto falta de pessoas, nenhuma em particular, aliás, arrisco dizer que ainda não conheci a pessoa que fará eu me sentir sozinha no meio da multidão porque ela não está lá.
Saudade eu tenho da minha avó e da minha tia. Uma saudade doída. É um estar sem lar eterno. Certamente este é um sentimento moderno... Afinal, fomos todos expulsos de algum lugar, somos todos fragmentos vagando.
São diversos os motivos que nos levam ao isolamento.
Tchekhov dizia que quanto mais refinado um indivíduo se torna, mais infeliz ele será. Isso porque a cada dia ele estará mais sozinho. Concordo com Tchekhov.
No fundo, buscamos um Goethe. Sabe o homem inteiro?
O último que se tem notícia da existência é Goethe, então me reporto a ele. Não existem mais Goethes por aí...
Besteira querer achar um. Besteira maior ainda achar que exista um por aí... Pessoas que ignoram ser um pedacinho, uma partícula daquilo que poderiam ser, são mais felizes. Ignorar, um verbo estranho. Não saber que determinada coisa existe, e não saber evita a infelicidade.
Eu prefiro saber e sofrer.
Schiller dizia que através da arte podemos voltar a ser seres inteiros...
Eu acredito nisso e tento me cercar de sublime por todos os lados. Mas, até isso é uma forma de isolamento, sabe aquele isolamento de que falava Tchekhov?
Então, este aí é que atormenta gente que mergulha na arte...
Arte é evolução, é estar no mundo, é revolução, é mágica, é sensibilidade.
Para transitar entre os diversos mundos dá trabalho. É quase impossível entrar em um sem ainda estar carregando um pouco do outro. O sentimento de vazio que fica quando entramos naquele em que não gostaríamos de estar é torturante...
Esta conversa está muito abstrata?
Vamos para a prática.
Passar um fim de semana inteiro estudando coisas magníficas, dançar, conversar com gente que vale a pena e ter que voltar para o serviço na segunda-feira às 9 horas da manhã. Um serviço que não aproveita nem 50% de você. Um trabalho que gosta de apenas parte de você, que quer que você mande para os quintos dos infernos a porcentagem que faz de você quem você é de fato...
Isso atormenta... isola... machuca.
Sendo assim ninguém é completo no trabalho, nem na faculdade, nem no concerto, nem no teatro...
Talvez seja este o sentido de amar alguém. Uma pessoa que não precisa ser inteira, mas que faz com que você se sinta acolhido, se sinta mais inteiro do que o normal. Alguém com quem você pode ser o trabalhador, o artista, o esportista, o crítico, o cozinheiro, tudo ao mesmo tempo, ou seja, com quem você pode ser o mais perto de 100% possível. É... tomara que seja isso. Porque felicidade para mim é estar inteira...
Sendo assim, só posso concordar com Tolstói...
Talvez, felicidade só exista se for compartilhada.