sábado, 21 de junho de 2008

Once... ou Apenas uma vez...

Apenas uma vez...

Singelo é o primeiro adjetivo que vem à mente quando termina este filme...
Uma canção envolvente, tão tocante, até a academia do Oscar percebeu que se tratava de uma canção diferente... Melhor que as três do filme Encantada da Disney, que foram derrotadas por "Falling slowly", canção interpretada pelos também protagonistas do filme Glen Hansard e Markéta Irglová...
O nome do filme em inglês é "Once" que ficou aqui no Brasil, com a tradução perfeita, Apenas Uma Vez, uma única palavra em inglês que quer dizer uma sensação única, não temos essa palavra em português... para nós é uma expressão. Apenas uma vez é aquilo que só acontece uma vez na vida... Aquele momento único que jamais se repetirá.
Os dois protagonistas nem mesmo têm nomes. Uma jovem mãe tcheca (Markéta Inglová), agora morando em Dublin, encontra com um músico de rua (Glen Hansard). Ela, adoradora de música, pianista, fica atraída pelo talento do jovem músico e começa a questioná-lo sobre a possível gravação de um CD, ele, inseguro, não acredita que conseguirá chegar tão longe. Ela o convence de que é possível gravar um CD e ir lançá-lo em Londres, mas ele não acredita, ainda mais porque tem um pai que conserta aspiradores de pó, que aparece como seu único parente no filme, já velhinho, parece não acreditar no talento do filho.
A moça trata de convencer seu novo amigo a alugar um estúdio, chamam uns outros músicos de rua e passam um fim de semana todo gravando músicas para que o rapaz possa levar para Londres...
O momento auge do filme certamente é a cena dos dois na loja de instrumentos freqüentada pela moça para tocar piano, ela havia trazido um aspirador de pó para ser consertado pelo pai do rapaz e sai comicamente andando pela rua arrastando o aspirador, como se esse fosse um cão, seguem em direção à casa para que o conserto seja feito. No entanto, no meio do caminho, a moça e o rapaz conversam sobre música e ela diz que também toca. Ele duvida dela e então ela o convida para entrarem na loja de instrumentos musicais, na qual ela sempre treina... Ela toca uma composição de Mendelsshon para ele, e ele desajeitadamente pergunta a ela se a canção foi composta por ela. Ela diz que não e que trata-se de uma obra de Mendelsshon, um dos músicos mais dotados e completos da história, que ele desconhecia...
Impressionado com o talento da moça, ele ensina a melodia de uma de suas canções para que possam tocar em um dueto, ela ao piano e ele no violão. Então temos a apresentação de Falling Slowly... a canção que ajuda o espectador a compreender melhor o ambiente do filme, a história...
Como em um conto... Trata-se de contar um acontecimento único na vida de duas pessoas, um pequeno recorte. Eles se encontram e sentem-se atraídos um pelo outro... A atmosfera de romance em suspensão permeia todo o filme... A tensão que existe entre os dois é tão nítida. Os dois atores têm uma "química", faço uso do clichê por desconhecer melhor descrição para definir a ligação entre os dois... Sentimos que eles estão magicamente encantados um pelo outro, mas é um sentimento que fica na intenção... Ela se desiludiu com o pai da filha e ele com uma namorada, então ambos estão em um momento estranho na vida do ser humano, aquele momento de transição em que não se sabe muito bem o que foi e nem o que será...
O fato de se encontrarem e transformarem a vida um do outro é o "Once", aquilo que acontece apenas uma vez... Um alguém que passa, apenas um momento, um acontecimento que transforma a vida em uma outra coisa... Divide a vida em um antes e um depois. Se não tivesse conhecido a moça, teria ele acreditado no seu sonho, no seu talento? Se ela não tivesse conhecido ele, acreditaria que havia ainda muita vida dentro dela?
Apenas um momento, apenas uma pessoa, uma canção...
Um filme curtinho, 85 minutos. Muito singelo, filmado por câmeras levadas no ombro, vemos uma movimentação bem real das personagens... Um orçamento barato (US$ 150 mil). Um roteiro composto a partir de canções... O diretor e roteirista Hohn Carney encomendou a Glen Hansard, líder do The Frames, canções para que a partir delas escrevesse um roteiro. Dez canções inéditas e um pequeno roteiro nasceram dos encontros entre o diretor (que também já participou do The Frames) e o músico.
E o que vemos na tela é exatamente isso, um filme simples, feito a partir de uma idéia simples. Atuações que imitam o cotidiano, diálogos bem construídos, aparentemente simples também, mas daí não acredito na simplicidade dos diálogos, eles são inteligentes e cheios de idéias implícitas, neles e nas canções estão o encanto do filme..."Once", um filme irlandês, chegou ao Oscar, penso que talvez seja justamente por provar que é possível, tendo uma boa idéia, construir uma obra de arte. A simplicidade, em tempos de tanta sofisticação, chama a atenção, ainda mais em Hollywood, templo de consagração ao requinte e ao dinheiro. Este texto foi todo escrito ao som de Falling Slowly, repetidas vezes... Falling slowly sing your melody. I'll sing along. (Cante sua melodia. Eu cantarei junto com você).

domingo, 8 de junho de 2008

O Bem...

Essa é para quem me conhece...
Pode alguém pensar que eu sou uma bruxa pronta para roubar o namorado alheio?
Às vezes eu faço coisas de sarapamtar o espírito de qualquer um...
Umas atitudes que nem eu sei quais são os motivos...
Mas, eu faço!
Tenho mania de querer que todos estejam bem...
Sou capaz de beijar o rosto daquele que mais me detesta...
Afinal, tascar um beijo nos amigos é fácil... difícil é acarinhar o inimigo...
Mas, eu acarinho.
Porque acredito. Acredito que o bem muda alguma coisa!
Você já parou para pensar se o bem que fazemos muda alguma coisa, num mundo com tanta gente, tanta coisa acontecendo... Pode uma única atitude minha fazer a diferença?
Eu acredito de verdade que pode... Talvez, não se pensarmos no coletivo... Mas, pergunte a qualquer um que foi ajudado se para ele aquele pequeno gesto não fez a diferença...
Muitos sentem raiva, vontade de me esbofetear pelo meu jeito, há até aqueles que julgam que tudo não passa de falsidade...
Não faço nada para provar para ninguém nada... Apenas para me sentir bem. Afinal, ninguém jamais perdeu o sono por perdoar alguém ou por estender a mão a quem necessita...
Eu penso assim, eu sou assim... Lembra do "Fazer o bem sem olhar a quem?"
Não se trata de hipocrisia... Sempre me questionam: Mas porque você fez isso? Eu não sei a resposta... Eu não busco os motivos... Eu não quero saber...
Acredito sim que o amor deve ser a única coisa que deve guiar o nosso viver... Que só o amor transforma.
Ingênua?
Eu não sou ingênua, já passei por coisas que quase ninguém sabe o quanto foram difíceis...
Mas, nada disso me tornou um ser humano duro. Ainda bem!
A cada tropeço eu me torno mais humana... A minha humanidade é a melhor coisa em mim...
É a melhor porque tenho certeza que é eterna... Eu tenho um monte de defeitos que nem todo mundo, mas me deixem fazer aquilo em que sou boa... Talvez eu seja sim como Aliócha Karamázov... "Não era rancoroso. Uma hora após ter sido ofendido, respondia ao ofensor ou dirigia-lhe ele próprio a palavra, com um ar confiante, tranquilo, como se nada se tivesse passado entre eles. Não parecia então ter esquecido a ofensa, ou decidido perdoá-la, mas não se considerava ofendido" (...)
E não é que essa descrição parece eu mesmo... rs. Mas, eu não quero mudar...
Eu quero ser exatamente como sou.
Portanto, não me questionem!
Eu não sei o motivo...
Só sei que vou continuar espalhando a paz e o amor por onde quer que eu vá...
E para você que leu isso... Muito amor e bem!
Porque Deus está aqui e a Sua paz desce sobre mim...
Amém!
(Parece bobeira... mas deveria existir um monte de Lucas Eugene Scott andando por aí... o mundo seria tão melhor)

domingo, 1 de junho de 2008

Parada Gay 2008: "Homofobia mata - por um Estado laico de fato"



Evito entrar no mérito da questão da luta por um Estado laico de fato. Afinal, sabemos que o Brasil não é um país laico de fato mesmo. Somos o país mais católico do mundo, é só lembrar da cena de Fernando Henrique Cardoso rezando o Pai Nosso, ele absolutamente não sabia a oração, no entanto, precisou fingir, correndo risco sério de ser vaiado e sabe se lá mais o que se não cumprisse os protocolos do país mais católico do mundo... Já falei de mais a respeito disso, essa conversa dá muito pano para manga... Porque, no fim das contas, sabemos que quem ora muito é quem mais precisa...
Mas, voltemos à Parada Gay, sensacional!
Se foram 3,5 milhões ou 5 milhões de pessoas, não importa.
Li as notícias no outro dia e cada mídia destacou um aspecto da parada deste ano. Uma dizia que a parada foi mais "contida", com menos paetês. Outra dava conta dos furtos e das confusões que ocorreram durante a parada...
Eu que estava lá e dancei por toda a Avenida Paulista e Rua da Consolação com minha irmã Camila, nosso amigo Allan (o gay mais legal de que se tem notícia) e um monte de amigos, posso dizer que a Parada GLBT foi muito boa, organizada e acima de tudo um movimento de alegria e de paz... Eu não sou gay, mas sou absolutamente simpatizante desde sempre. Sempre tive amigos gays e posso dizer que eles são pessoas inteligentes, inconformadas constantemente e por isso sempre estão envolvidos em movimentos e grandes causas. Gente incrível que conheço é gay e não pode "sair do armário" porque perderiam a credibilidade que têm. E sabem disso.
A Parada é isso, um monte de gente linda, feliz, inteligente tem a chance de andar na rua se mostrando como realmente é por um dia ao menos... Neste ano, foi toda uma semana voltada para os gays aqui em São Paulo...
Quanto aos veículos que divulgaram os furtos e desentendimentos como sendo acontecimentos próprios da Parada Gay, talvez na tentativa de dizer que o movimento não é sério... Tenha a santa paciência! Que hipocrisia! Diga em que manifestação do mundo não há brigas e furtos? Ainda mais quando se trata de uma multidão de 3,5 milhões de pessoas. Só para se ter idéia do quanto é isso, 5 milhões de pessoas é 25% de São Paulo.
Seria bom se não fosse assim, mas vivemos, infelizmente, em um mundo violento. Não é a Parada que é violenta...
Agora, a notícia de que o movimento foi mais contido. As pessoas, em geral, e principalmente as menos instruídas têm uma tendência péssima a achar que todo gay é uma espécie de palhaço... Não é isso, gays são pessoas normais, só não são heteros. Eles não andam por aí vestidos com roupas cheias de lantejoulas ou cobertos de glitter... Isso é besteira. Conheço gays que são médicos, dentistas, economistas, filósofos, lingüístas... Enfim, pessoas normais... O aspecto divertido fica a cargo daqueles gays que gostam de diversão e brincam com a fantasia existente no imaginário popular.
Me diverti como há muito tempo não me divertia... Ri muito, dancei até não agüentar mais com as minhas pernas e pés... Muita música eletrônica, black e até Bossa Nova!
A tarde do dia 25 de maio ficará guardada para mim como o dia em que, depois de muito tempo, pude sair com a minha irmã mais nova e descobrir o quanto é divertido... O quanto sou livre para gostar de quem quiser. Não tenho mais um namorado ciumento e homofóbico... Estou muito feliz por isso...
Viva a liberdade, o amor, a paz e o bem...
Eu também quero um Estado laico de fato!Só para não esquecer: Todo o preconceito é burro! Sempre!
Agora vou indo... hoje tem concerto!
Viva Mozart e a Flauta Mágica...