segunda-feira, 21 de julho de 2008

Um dos meus lugares preferidos em São Paulo...


O que é diversão para você?

Diversão para mim, entre outras coisas, é comprar um balde de pipocas, balas e chocolate e passar a tarde neste lugar...

Porque lá tem livraria, porque bem pertinho tem o Pedaço da Pizza... A pizza mais gostosa de São Paulo. Porque lá sempre está em cartaz os filmes que eu quero assistir e que não entram no circuito comercial... o cinema alternativo é o máximo!

Porque lá tem cafeteria, lugar bom para ler e encontrar gente bacana para conversar. É fato que tem gente que vai para lá para fazer pose... Gente que finge ser uma coisa que não é, seres humanos que 'colaram' em si uma identidade e, na ânsia de serem diferentes, acabam sendo igual a todo mundo!

Não tem muita gente que topa ir lá comigo... Mas, sozinha ou acompanhada eu amo ir ao Espaço Unibanco da rua Augusta... porque a felicidade às vezes está simplesmente no: Luz, câmera, ação!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Eu amo Sex and the City!


Luz, câmera e aí vêm Carrie Bradshaw (Sarah Jéssica Parker), Samantha Jones (Kim Cattrall, a minha preferida), Charlotte York (Kristin Davis) e Miranda Hobbes (Cynthia Nixon)...
Estou devendo um comentário sobre o filme, ahhh o filme que serviu para matar a triste saudade das minhas amigas... aquelas que fazem eu me sentir muito feliz por ser solteira.
A minha predileta é mesmo a tarada Samantha Jones, mas tenho mais em comum com Miranda Hobbes do que gostaria...
Parece que foi ontem que a série acabou, mas não, passaram-se longos cinco anos sem as adoráveis garotas de Manhattan... A vida é tão mais feliz depois de assistir a um episódio de Sex and the city. O filme (que Deus seja louvado!) é tão bom quanto a série... Um episódio gigante para a gente se divertir durante quase três horas... Três vivas para quem teve essa idéia brilhante... Não consigo fazer uma crítica séria sobre esse filme... a minha euforia é grande demais. Eu adoro as quatro amigas inseparáveis, não tenho a idade delas, mas justamente me tornei adulta ouvindo os conselhos de Carrie Bradshaw, que me são muito úteis, acreditem!
O filme é sim uma celebração do dinheiro, das etiquetas, das supergrifes. Mas e daí? Quem liga para isso? Afinal, chama-se entretenimento, é para isso que serve, entreter...
Lembra da máxima do Horácio? Ensinar e deleitar.
Ao menos para mim, é disso que se trata, está certo que Hollywood se peca pelo excesso de deleite, mas beleza! E isso lá é hora de lembrar de Horácio? Só eu mesma para lembrar do Horácio a essas horas... Isso é para provar mais uma vez, que nerds também gostam de deleitar... E ainda que muitos digam o contrário, eu aprendi um monte de coisa bacana com elas sim...
Voltemos ao filme, eu acredito que foi uma das melhores idéias dos últimos tempos, não porque o mundo precisa de um monte de futilidade, mas porque seriados são bons. É uma fórmula mais inteligente que a novela, é possível ficar anos assistindo a vida passando para as personagens, os conflitos do quarteto, por exemplo, são os mesmos de qualquer mortal após os trinta anos... não importa que estejam em Manhattan, ou em São Paulo, ou em Tókio é a mesma coisa, passamos pelos mesmos problemas... Mulheres solteiras que já acumularam sabedoria demais para namorar com qualquer idiota. Claro que nem todas podemos comprar sapatos Manollo Blahnik e nem vestir um vestido de noiva Vivienne Westwood, mas mesmo assim estamos todas no mesmo barco.
Homens têm medo de mulheres inteligentes? Eu não entendo o motivo...
Só deve ter medo de mulher inteligente aqueles que não estão a altura para competir... O que infelizmente acontece na maioria dos casos. Mas, há ainda casos em que homens inteligentes preferem as burras, talvez para conseguirem se firmar todos os dias como machos superiores... What the fuck is this? Por que homens fazem isso?
O filme talvez seja uma tentativa de Michael Patrick King (dá para acreditar que um homem teve essa idéia brilhante? Claro que tudo nasceu do livro de Candance Bushnell) de mostrar que, “apesar” disso tudo, existe sim uma maneira de ser feliz. No meio dessa confusão de desencontros, há uma maneira de encontrar a felicidade e que felicidade talvez não seja um príncipe em um cavalo branco, mas uma casa no Bronx com uma família adorável... E que seres humanos não são perfeito, mas que em algum lugar há um par disponível e disposto a tornar você feliz... Há ainda uma outra opção, apaixonar-se perdidamente por você mesma e descobrir as alegrias de estar só... simplesmente só.
As meninas amadureceram muito bem, a sonhadora Carrie Bradshaw continua linda com seu cabelo maravilhoso e invejado por mulheres do mundo todo, Samantha com seus 50 anos está impecável, a mesma barriga enxuta e Charlotte, essa é um capítulo à parte, parece que não se passou nem um dia para ela... Como pode?
Eu não esqueci da Miranda... é que ela envelheceu mesmo... acho que não quis colocar botox, menina boba, ia ficar ótimo um botox naquele bigodinho chinês.
Destaque para as piadas inteligentes, o incrível humor das meninas também permanece intacto, talvez nesse quesito Miranda ganhe de longe, o humor ácido dela é simplesmente o máximo, com certeza a mais inteligente das quatro.
Samantha continua matando de rir com suas aventuras sexuais, seu namorado, Smith (Jason Lewis), continua lindo de morrer também e mostrou que, como parecia inicialmente, tem conteúdo, o rapaz não é apenas um corpinho bonito não. Não é à toa que conseguiu fisgar a relações públicas mais safada de que se tem notícia.
Um minuto de silêncio antes de falar de Mr. Big (Chris Noth)... Ah sim, ele mesmo, o lindo, charmoso, inteligente e, infelizmente, discreto Mr. Big... Muito bem no filme e, quem diria, deram um coração para ele... Sim, Big tem não só um nome, mas também um coração e até se confunde como o resto de nós mortais.
Para acrescentar ao velho time, Jennifer Hudson, que aparece não apenas como assistente da escritora mais badalada de New York, mas também na trilha sonora do filme, que conta também com uma releitura “Labels or Love”, interpretada por Fergie que não ficou boa. Talvez eu ache isso porque sou uma tradicionalista inveterada e penso que se render ao sucesso de Fergie não foi uma boa idéia.
Glamour... muito glamour...
Um filme feminino, aquelas que levaram os namorados para a sessão devem ter ouvido reclamações. Se eu tivesse um namorado, não levaria, talvez ele não ficasse feliz de me ouvir dizer que me identifico profundamente com Samantha Jones...
Steve (David Eigenberg), o marido de Miranda, continua o mesmo sincero de sempre, um amor, um cara da periferia, completamente simples, casado com a advogada brilhante de Harvard... Porque o amor derruba barreiras... Ah que lindo e brega isso!
Enfim, é isso...Viva o poder feminino!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O Espelho: um olhar para dentro...

É altamente recomendável a toda a gente entrar em contato com uma cultura estrangeira. A princípio a experiência parecerá estranha, já que temos o péssimo costume de julgar as outras culturas baseados na nossa própria, o que é um erro. Pois, a priori, não há modelo de sociedade.
Uma pergunta bastante freqüente relacionada a artistas de toda parte, e Tarkovski não é uma exceção, é: Poderia um Tarkovski, um Machado de Assis, um Glauber Rocha, um Almodovar ser reconhecido como artista fora de sua pátria? Sua arte seria entendida fora do contexto de seu país? A resposta não é fácil, afinal a resposta envolve responder a uma pergunta muito difícil: O que é a arte? Como o objetivo aqui não é responder a essa pergunta, mas sim falar do filme "O Espelho" de Andrei Tarkovski, dou a resposta que me parece mais apropriada... Costumamos reconhecer como obra de arte, aquilo que uma vez composto pelo artista, deixa de ser patrimônio dele e de sua pátria e passa a ser universal. Assim é a obra de Tarkovski, um inovador dentro ou fora da Rússia, reconhecido mundialmente como um artista.
O filme "O Espelho" ou Zerkalo (зеркало), em russo, é o sexto de Tarkóvski (1974) e para entender a obra do russo é preciso citar sua famosa definição a despeito do sentido de seus filmes: "Você olha um relógio. Ele funciona, mostra as horas. Você tenta compreender como ele funciona e o desmonta. Ele não anda mais. E no entanto essa é a única maneira de compreender..."
Em outras palavras, seus filmes são sempre a desconstrução de alguma coisa, uma vez descontruida qualquer coisa, não há como voltar atrás, aquilo que se obtém da desconstrução é sempre um objeto que foi alguma coisa e que agora é outra, isso acontece quando se extrai o sentido.
A obra de Tarkovski é tão introspectiva e subjetiva que tentando explicá-la não há como não se ver de repente dentro de um abismo de explicações herméticas e subjetivas... Sendo assim, esse pequeno preâmbulo basta, podemos falar do filme...
"O Espelho" é certamente o filme mais autobiográfico do cineasta russo. Trata-se de uma viagem de retorno às memórias de Tarkóvski. Vemos na tela sua mãe, ele mesmo, seus arrependimentos em relação à vida que viveu, a difícil convivência com o filho após a separação da esposa.
Mas, mais que um filme autobiográfico, "O Espelho" é uma viagem ao universo místico russo. A Rússia é um país extremamente místico, religioso e diversas crenças caminham junto com a dominante igreja cristã ortodoxa russa. Um país que até o século XIX poderia ser chamado de feudal e que em 1917 era socialista. Lugar que é conhecido por ser metade Oriente e metade Ocidente. Levando em conta apenas essa característica, já dá para entender a mistura que é povo russo.
"O Espelho" se inicia com a cena de uma curandeira disposta a curar um menino de sua gagueira com uma espécie de hipnose, toda a cena parece mágica. Em seguida, temos muitas cenas da própria natureza, o vento soprando através das árvores e matagal. A natureza parece responder aos estímulos do homem, funcionando como o princípio de ação e reação. A natureza é vista como algo místico, como uma espécie de deus que mantém as coisas em perfeita harmonia.
O garoto Aleksei olha para sua mãe admirado, às vezes intrigado, sente-se completamente preso à imagem da mãe... Nas reminiscências do homem, a figura mostrada é a própria mãe de Tarkovski. Os poemas de seu pai Arseni Tarkovski são lidos no fechamento das cenas, como se fossem a explicação de um ciclo que se fecha...
A água está presente em todo o filme, um elemento essencial que é mostrado como alusão ao tempo... A água escorre incessantemente, o garoto olha para ela, mas não há como detê-la, ela respeita sua natureza, a de transcorrer ainda que o homem tente impedí-la. O sonho encantado do ser humano é ter mais tempo, sempre. Desde a Grécia e Roma Antiga há relatos do homem questionando a falta de tempo...
No filme, também temos o homem contemporâneo vendo o tempo passar sem ter tempo de apreender todas as coisas. A figura do pai, do garoto e das mães de ambos se misturam. O tempo é circular, mas nunca pára...
As influências tchekhovianas estão por toda parte, a monotonia é mostrada de maneira muito forte também ligada a questão do tempo. Porque apesar do tempo ser implacável, tudo parece sempre a mesma coisa, seja para o pai, para o filho. O filme pergunta: Por que não nos damos conta de que é tudo igual sempre? Por que cometemos os mesmos erros?
A câmera se aproxima tanto do rosto da mãe, figura central do filme, que de repente não sabemos mais de quem se trata. A mesma atriz interpreta a mãe do garoto Aleksei e a esposa, o filme segue em um vai e vém de presente e passado e em vários momentos há uma confusão: Quem é essa? Claro que a confusão é proposital para reafirmar mais uma vez a monotonia da vida, o ciclo que segue com tudo se repetindo... O garoto chega a pronunciar a frase: "Eu já vivi esse mesmo momento. Já estive aqui antes." Uma frase que pode ser lida como alusão ao Espiritismo de Kardec, como também como a conclusão de Tarkovski de que afinal tudo sempre retorna... Somos outros, mas talvez o tempo seja o mesmo sempre.
O título "O Espelho" significa a mirada do próprio autor para dentro de si, uma busca de si. A tentativa de entender a si mesmo, seu lugar no mundo como ser humano e como artista.


"Este filme é sobre as mães, sobre sua vida difícil, cheia de esperanças, desgraças e felicidades. É também sobre nossa infância e sobre a angústia que ela nos deixou." Andrei Tarkovski

O Espelho (Zerkalo) - 1974
Direção: Andrei Tarkovski
Roteiro: Andrei Tarkovski e Alexandr Misham
Fotografia: Gueorgi Rerberg
Direção de arte: Nikolai Dvigubski
Música: Eduard Artemiev, J. S. Bach, H. Purcell, G. B. Pergolesi
Elenco: Margaita Terékhova, Filip Yankovski, Ignat Daniltsev, Oleg Yankovski, Yuri Nazarov
Idioma: russo
País: Rússia