sábado, 10 de maio de 2008

Into the Wild ou Na Natureza Selvagem...

Já aconteceu de você sair do cinema com naúsea? De repente, me senti saindo do meio de um turbilhão... Tontura, enjôo, naúsea, tristeza, alegria e... Os créditos apareceram, sensação de vazio, confusão e... A luz do Conjunto Nacional...
Um filme longo, mas nada monótono, extremamente intenso... Chorei, sorri, gargalhei, me questionei e voltei a chorar...
Um filme de celebração à vida. Uma delícia participar da vida do jovem Chrstopher MacCandless ou Alexander Supertramp, um pseudônimo incrível (Emile Hirsch). A câmera que vai e vem e focaliza os sorrisos, o pescoço, a pele, de repente estamos juntos de Chris... Quase deu para sentir o vento no rosto, o respingo de água gelada.
A fotografia impressionante de Eric Gautier ajuda a contar a história do jovem que cansou da vida fácil de filho de pai rico (um clichê).
Com produção e direção de Sean Penn, que esperou por dez anos para rodar a história real do jovem que abandonou uma carreira promissora para sair em busca de si mesmo. Até aí trata-se de um clichê... Mas, não se engane... Chris não foi um clichê, ele era um jovem diferente, sabia que havia algo de errado com a sociedade, sabia que havia e há algo de errado com o mundo. Chris foge ou procura algo?
Para mim, Chris estava em busca de uma verdade maior, buscava um sentimento verdadeiro livre de imposições e hipocrisias... Sabia que seus pais o amavam, mas sabia que esse amor, ao contrário do que dizem, tinha condições: ser um bom filho, bom aluno, bom profissional, seguir normas criadas por pessoas que não as seguiram e por isso as inventaram.
Chris queria mais, buscava a likberdade que leu em autores como Pasternack, Thoreau, Tolstói... uma liberdade que ele só conhecia dos livros... Chris foi em busca do seu "eu" verdadeiro, saiu em busca de reconstituir o seu "eu" fragmentado. Um retorno ao Todo Poderoso, à própria natureza ou chamem do que quiser... Simplesmente o retorno para algo que existe antes da sociedade e que foi chamado de "natureza selvagem". Quis se sentir inteiro e livre. E inventou para si mesmo que encontraria todas as verdades que buscava fazendo uma longa viagem que terminaria no Alasca... sozinho, sem dinheiro, sem comida... vivendo como seus ancestrais, pré-civilização...
Um filme que traz à tona a eterna questões do homem moderno: Quem sou eu no meio dessa multidão? Estou abandonado à minha própria sorte? Há algum lugar onde eu possa me sentir inteiro ou parte de algo?
Chris tentou responder a essas questões... Para ele foi necessário trilhar os caminhos mais difíceis para descobrir, longe de todos aqueles que o amavam, que a "felicidade só existe se poder ser compartilhada". E foi assim: no distante Alasca, que ele descobriu que poderia se sentir inteiro e acolhido perto das pessoas que amava...
O filme é cheio de cenas inesquecíveis, mas não consigo deixar de citar aquela que tem participação de Hal Holbrook. Durante toda a sua viagem, Chris ensina algo de especial, sem saber, às pessoas com que tem contato, transformando suas vidas e sendo transformado por elas. Mas, para o velho Ron Franz, ele consegue mostrar que sempre há motivos para viver... A cena é boa devido à interpretação, portanto não há como contar, apenas pontuar que ela existe...
A trilha sonora de Eddie Vedder também é sensacional, ajuda a compor o ambiente de liberdade e muitas vezes ajuda a conduzir o filme, ajudando o roteiro que às vezes parece meio interpolado.
É, valeu a pena esperar dez anos! Sean Penn conseguiu surpreender positivamente mais uma vez... Chris é um Robinson Crusoé moderno!
Foi verdadeiramente muito bom estar no "ônibus mágico"...

2 comentários:

Mauricio Pereira disse...

Maga!
Eu preciso assistir esse filme! Sinto o meu "eu" fragmentado também! meios sem rumo,meio preso! sei lá! rs!
Talvez eu me identifique muito com a película! tavez não, mas o fato é que eu fiquei curioso após ler o seu comentário!
A natureza selvagem de Natividade da Serra me espera!! será??

Bjs!

Cristie Joplin disse...

Sabe vc tem o poder nas palavras, eu acredito no eu artistico de cada um de nós, e quando leio coisas assim que me trazem lagrimas aos olhos, e que parecem feitas exatamente para nós, tenho mais e mais certeza de essa tal coisa artistica ai existe, não so pelo que voc~e escreveu mas também o filme que trouxe para você tudo isso.

te amo minha irmã.

beijos