Não é que ontem parecia que o mundo ia acabar mesmo.
À tarde uma amiga recebeu uma carta estranha, com um criptograma que dava no número da Besta... Eu nem dei bola, mas foi mesmo um dia estranho.
Aconteceu uma pequena coisa que tornou o meu dia melhor, o que me deixou muito contente.
Mas isso foi só até o final da minha última aula, imagina que eu moro na Zona Leste e estudo na Zona Oeste... USP, sim... lá mesmo. Imagine agora que a eu estava lá na USP quando o Brasil apagou.
Chegando na Paulista, a porta do Metrô Consolação era um mar de gente desesperada, todo mundo ligando para alguém vir socorrer, eu só pensava em Creep do Radiohed, porque eu nunca tinha me sentido tão perdida, no sentido físico, como ontem à noite. Eu nem tinha alguém para "vir me pegar".
Chegar em casa foi uma novela... Cheguei bem, mas fiquei com muito medo pelo que ainda está por vir. O mundo, de fato, não vai acabar, mas coisas estranhas vão passar a acontecer com tanta frequência, até que, num triste dia, deixarão de ser estranhas e passarão a ser cotidiano. Igual à bala perdida no Rio, menino pedindo dinheiro no semáforo, gente pegando comida no lixo, eu sempre me pergunto em que momento da vida ou da história as pessoas passaram a olhar fenômenos de uma época, ou até mesmo desgraças cotidianas como cotidiano...
Anteontem, eu reli As três irmãs, do Tchekhov, e fiquei me lembrando do quanto ele afirmava, sempre, em todas as suas peças, que o trabalho das pessoas daquela época seria visto como algo maravilhoso: Daqui cem ou duzentos anos. Ele dizia que o mundo se tornaria um lugar maravilhoso... O que nós fizemos com os sonhos do Tchekhov?
O mundo não é um lugar maravilhoso, e a metamoforse do anormal em cotidiano, que tanto apavorava o autor, tornou-se algo muito mais banal do que ele tinha imaginado...
Nos shows que faria em julho passado, Michael Jackson queria mostrar ao mundo que nós temos apenas quatro anos para mudar nossas escolhas com relação ao futuro do planeta, pois em quatro anos, segundo estudiosos, os danos serão irreversíveis...
Tanta gente dizendo a mesma coisa... Já é hora de prestarmos atenção, não?
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