domingo, 7 de junho de 2009

Solidão

Pessoas bem legais disseram ler isso aqui...
Então, mesmo não estando em um dos meus melhores dias, arrisco a escrever. Embalada por Marcelo Camelo, meu parceiro de quase sempre, vamos ver o que sai.
O tema de hoje... combinando com meu estado de espírito, só poderia ser solidão.
Alguém já disse certa vez que solidão é estar sozinho mesmo estando entre um milhão de pessoas.
Isso quer dizer que sentimos, quase que invariavelmente, falta de uma única pessoa?
Às vezes não...
Eu não sinto falta de uma única pessoa, sinto falta de pessoas, nenhuma em particular, aliás, arrisco dizer que ainda não conheci a pessoa que fará eu me sentir sozinha no meio da multidão porque ela não está lá.
Saudade eu tenho da minha avó e da minha tia. Uma saudade doída. É um estar sem lar eterno. Certamente este é um sentimento moderno... Afinal, fomos todos expulsos de algum lugar, somos todos fragmentos vagando.
São diversos os motivos que nos levam ao isolamento.
Tchekhov dizia que quanto mais refinado um indivíduo se torna, mais infeliz ele será. Isso porque a cada dia ele estará mais sozinho. Concordo com Tchekhov.
No fundo, buscamos um Goethe. Sabe o homem inteiro?
O último que se tem notícia da existência é Goethe, então me reporto a ele. Não existem mais Goethes por aí...
Besteira querer achar um. Besteira maior ainda achar que exista um por aí... Pessoas que ignoram ser um pedacinho, uma partícula daquilo que poderiam ser, são mais felizes. Ignorar, um verbo estranho. Não saber que determinada coisa existe, e não saber evita a infelicidade.
Eu prefiro saber e sofrer.
Schiller dizia que através da arte podemos voltar a ser seres inteiros...
Eu acredito nisso e tento me cercar de sublime por todos os lados. Mas, até isso é uma forma de isolamento, sabe aquele isolamento de que falava Tchekhov?
Então, este aí é que atormenta gente que mergulha na arte...
Arte é evolução, é estar no mundo, é revolução, é mágica, é sensibilidade.
Para transitar entre os diversos mundos dá trabalho. É quase impossível entrar em um sem ainda estar carregando um pouco do outro. O sentimento de vazio que fica quando entramos naquele em que não gostaríamos de estar é torturante...
Esta conversa está muito abstrata?
Vamos para a prática.
Passar um fim de semana inteiro estudando coisas magníficas, dançar, conversar com gente que vale a pena e ter que voltar para o serviço na segunda-feira às 9 horas da manhã. Um serviço que não aproveita nem 50% de você. Um trabalho que gosta de apenas parte de você, que quer que você mande para os quintos dos infernos a porcentagem que faz de você quem você é de fato...
Isso atormenta... isola... machuca.
Sendo assim ninguém é completo no trabalho, nem na faculdade, nem no concerto, nem no teatro...
Talvez seja este o sentido de amar alguém. Uma pessoa que não precisa ser inteira, mas que faz com que você se sinta acolhido, se sinta mais inteiro do que o normal. Alguém com quem você pode ser o trabalhador, o artista, o esportista, o crítico, o cozinheiro, tudo ao mesmo tempo, ou seja, com quem você pode ser o mais perto de 100% possível. É... tomara que seja isso. Porque felicidade para mim é estar inteira...
Sendo assim, só posso concordar com Tolstói...
Talvez, felicidade só exista se for compartilhada.

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